Com o aumento do emprego, da renda e da oferta de crédito, o varejo brasileiro deve fechar 2024 com um crescimento de 4,2% no volume de vendas, o melhor desempenho do setor em mais de uma década. A projeção foi feita pelo economista Ricardo Meirelles de Faria, professor da Fundação Getúlio Vargas e economista-chefe da consultoria Linus Galena.
Se confirmada, essa taxa de crescimento representará o melhor resultado do comércio varejista desde 2013, quando a alta foi de 4,3%, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), realizada pelo IBGE. Este será o oitavo ano consecutivo de crescimento positivo para o setor, após o impacto da pandemia de Covid-19, que afetou o varejo de maneira desigual.
O professor Ricardo Meirelles, também associado ao Centro de Excelência em Varejo da FGV, destaca que, embora o cenário de 2024 seja positivo, a expectativa para 2025 é de um crescimento mais modesto, em torno de 1,3%. “Essa desaceleração é mais condizente com o que vimos nos últimos anos, com taxas que variaram entre 1% e 1,7%”, afirmou ele.
Os dados da PMC mostram que, embora o comércio esteja em recuperação, diferentes segmentos sentiram o impacto da pandemia de formas distintas. Setores como o de produtos farmacêuticos, médicos e de perfumaria cresceram expressivamente desde o início da pandemia, com um aumento de 47,2% em relação a fevereiro de 2020. Já os setores de móveis, eletrodomésticos, tecidos e vestuário ainda não conseguiram recuperar os níveis pré-pandêmicos, com quedas significativas.
Apesar de um recuo de 0,3% nas vendas de agosto de 2024 em comparação com o mês anterior, a alta de 5,1% no acumulado dos últimos 12 meses reforça a tendência de estabilidade no setor, segundo Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE.
O ano de 2024 marca um ponto de virada para o varejo brasileiro, com um crescimento impulsionado pela recuperação econômica, pela melhora dos índices de emprego e pela maior oferta de crédito. Embora as previsões para 2025 indiquem um ritmo mais lento, o setor continua a se consolidar após anos de instabilidade, destacando a importância de acompanhar as tendências econômicas para sustentar esse crescimento nos próximos anos.