SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Companhias aéreas convocaram tripulações gaúchas para os primeiros voos ao Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, que será reaberto nesta segunda-feira (21), depois de cinco meses e meio fechado por causa da inundação que atingiu Porto Alegre no início de maio.
O aeroporto foi reaberto oficialmente na última sexta-feira (18), em uma cerimônia com os ministros Sílvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e Paulo Pimenta (Comunicação), mas as operações começam nesta segunda. Inicialmente o local vai operar em 70% da capacidade, segundo a concessionária Fraport Brasil, que administra o local.
O primeiro avião previsto para descer no Salgado Filho é da companhia aérea Azul. Está marcado para decolagem às 6h30 do aeroporto de Viracopos, em Campinas, e pouso às 8h10 em Porto Alegre, com piloto e copiloto gaúchos.
“Foi uma grande surpresa quando a empresa entrou em contato comigo para dizer que eu faria o primeiro voo para o aeroporto”, disse à Folha o comandante Carlos Coster, 40. “É um momento simbólico muito importante, que mostra que atravessamos metade do caminho na construção.”
O copiloto Henrique Schneider, 25, pediu para ser escalado ao voo da reinauguração. Nascido em Ivoti, na região metropolitana de Porto Alegre, ele trabalhou como voluntário durante as enchentes, mesmo a sua cidade não sendo atingida pelas cheias. Na inundação ele identificava coordenadas para facilitar o resgate aéreo de vítimas.
Assim como a Gol, a Azul fez uma pintura especial em homenagem ao Rio Grande do Sul, no avião do primeiro voo, um Airbus A320.
O Boeing 737-800 da Gol decola às 7h de Congonhas, na zona sul de São Paulo, com piloto e copiloto nascidos no Rio Grande do Sul. A aeronave deve descer na capital gaúcha às 8h45.
O avião tem pintada na fuselagem uma composição de elementos do Rio Grande do Sul, como paisagens de araucárias, o tradicional chimarrão e o vinho, que fazem parte da cultura gaúcha, além de uma imagem da ruína dos Sete Povos, localizada dentro do Parque Histórico Nacional das Missões.
“Estamos retornando para casa, com muita emoção e orgulho por fazer parte deste primeiro voo”, diz o comandante Paulo Zancani, 58, destacando as dificuldades enfrentadas pela aviação e pelo povo gaúcho desde o início de maio. “Era algo inimaginável e sem precedentes.”
No caso da Latam, toda a tripulação do voo LA3952, que decola às 7h30 de Congonhas, é do Rio Grande do Sul, não apenas os pilotos. A descida do Airbus A320, com capacidade para 170 passageiros, está programada para as 9h30.
O maior terminal aeroportuário do Rio Grande do Sul estava fechado desde o dia 3 de maio, quando a água tomou conta da pista e invadiu o local. Dentro do aeroporto, o nível da enchente chegou a 65 cm.
O prédio já estava funcionando para embarque, desembarque e check-in desde 15 de julho, mas as aeronaves continuavam decolando ou pousando na base aérea de Canoas, cidade vizinha cuja pista militar foi adaptada às pressas para recolocar o Rio Grande do Sul na malha aérea nacional. Os passageiros, nesse período, eram transportados de ônibus entre os dois locais.
As primeiras linhas a voar conectarão Porto Alegre a São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro e Brasília, atendendo cerca de 9.000 pessoas dentre pousos e decolagens.
Serão liberados 1.730 metros dos 3.200 metros da pista principal. O aeroporto retorna com a capacidade total de 128 voos diários, que deve ser atingida em novembro.
A entrega final deve ocorrer em 16 de dezembro, com a reabertura da parte ainda inconclusa da pista, permitindo a operação dos voos internacionais. A primeira rota desse tipo deve ser rumo à Cidade do Panamá, importante hub aeroportuário de conexão para países da América do Norte e Caribe. Outros voos diretos para Argentina e Uruguai devem voltar em janeiro.
Os aviões que ficaram retidos por causa da da água começaram a ser retirados em junho. Um Boeing 727 usado para transporte de cargas pela empresa Total Linhas Aéreas, que se tornou símbolo das enchentes por ter ficado no meio da inundação, ainda continua no Salgado Filho e não terá mais condições de voar.
FÁBIO PESCARINI / Folhapress