MARCOS GUEDES
SÃO PAULO
Atual campeão começa temporada com claro favoritismo e tenta quebrar escrita recente da NBA
(FOLHAPRESS) Em 21/10/2024 15h10
A pesquisa anual conduzida pela NBA com os gerentes-gerais das 30 equipes apontou um evidente favorito ao título da temporada 2024/25. O Boston Celtics, de longe o primeiro também nas casas de apostas de Las Vegas, foi apontado como o provável campeão por 83% dos dirigentes.
Há, de fato, motivos para crer no bi, uma vez que o elenco que dominou a liga norte-americana de basquete em 2023/24 foi mantido. Mas ser bicampeão se tornou uma tarefa difícil na história recente da competição, com seis vencedores diferentes em suas últimas seis edições.
Um dos motivos dessa alternância são as restrições orçamentárias crescentes para a manutenção de elencos caros. A direção alviverde, porém, encarou as taxas punitivas e, nos últimos anos, deu contratos gigantes às suas duas estrelas, Jayson Tatum e Jaylen Brown. Ofereceu também polpudos salários aos excelentes coadjuvantes Jrue Holiday e Derrick White.
O ala-armador Jaylen Brown assinou ano passado um contrato de US$ 303,7 milhões (R$ 1,72 bilhão, na cotação atual) por cinco temporadas Rula Rouhana – 6.out.24 Reuters **** A questão, portanto, ao menos por ora, não é a manutenção do grupo, com uma folha salarial anual de US$ 207,75 milhões (quase R$ 1,2 bilhão), valor que não inclui a taxa de US$ 66 milhões (R$ 374 milhões) pelo estouro do teto. Na próxima temporada, com os contratos em vigor, as taxas serão maiores do que os próprios salários.
Isso pode fazer dos Celtics em 2025/26 o primeiro time com um gasto salarial anual de US$ 500 milhões (R$ 2,83 bilhões) -não à toa, a franquia está à venda. Mas isso é um problema para a próxima temporada e o próximo dono. A grande preocupação atual do jovem técnico Joe Mazzulla é sustentar a motivação e o foco de uma equipe que venceu 80 dos 99 jogos disputados rumo ao troféu do último campeonato.
Mazzulla, 36, é conhecido por sua “energia estranha”, como definiu Jrue Holiday. Respeitado pelo conhecimento tático e pela dedicação aos detalhes, gosta de discursos motivacionais do tipo “brega”, como também mencionou Holiday, aludindo à ocasião em que o chefe mostrou castelos de areia, explicando que até os melhores castelos são desgastados, dia a dia, e precisam ser reconstruídos.
É nessa situação que se vê o Boston, robusto castelo que procura novamente mostrar-se inexpugnável. Mas agora o treinador tem nova metáfora para a defesa do título, que ele se recusa a chamar de defesa do título.
“A frase ‘defender o título’ é algo muito passivo-agressivo. No reino animal, alguns dos animais mais fortes não se defendem. Eles são os mais agressivos, os que mais atacam. Não importa se ganhamos ou não ganhamos: a mentalidade não pode mudar”, afirmou.
“Você tem que entender o que define ganhar e perder, deve comprometer-se diariamente com os detalhes e permanecer agressivo”, acrescentou. “Você não está defendendo algo, está atacando um novo objetivo.”
O técnico Joe Mazzulla, de acordo com seus próprios comandados, tem “uma energia estranha” Kevin Sousa – 15.out.24 USA Today Sports via Reuters **** O ataque, claro, terá obstáculos.
Na Conferência Leste, onde estão os Celtics, os reforçados New York Knicks -adversário da primeira rodada, nesta terça-feira (22), às 20h30, com transmissão do Prime Video- e Philadelphia 76ers e o emergente Cleveland Cavaliers se apresentam como ameaças. Do outro lado, entre outros potenciais adversários em uma eventual decisão, o jovial e talentoso Oklahoma City Thunder é ambicioso.
Há também a possibilidade de dificuldades internas. Dentro do garrafão, a linha de frente tem Al Horford, de 38 anos, e Kristaps Porzingis, que, aos 29, exibe um alarmante histórico de lesões. Fora dele, Tatum, Holiday e White, além da temporada estendida que tiveram até a final de 2023/24, passaram o verão conquistando uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris, sem o descanso dos demais.
Ainda assim, é inegável o favoritismo do Boston, novamente isolado como o maior campeão, com 18 títulos, um à frente do arquirrival Los Angeles Lakers -que terá a primeira dupla de pai e filho da história da liga, com LeBron James, 39, e Bronny James, 20. Agora é hora de atacar o bi, algo que o clube verde não consegue desde 1968/69.
MARCOS GUEDES / Folhapress