Estreia de Zelda como protagonista é eco da tradição da franquia

FOLHAPRESS – Jogo que marca a estreia de Zelda como protagonista, “The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom” é apenas um eco da receita de sucesso dos 19 jogos anteriores da série. Ainda assim, ao deixar os combates em segundo plano e priorizar os quebra-cabeças, o título cria uma experiência inovadora e divertida para os jogadores.

Tratando-se do 20º jogo original da franquia “The Legend of Zelda” (sem contar remakes e relançamentos), era de se esperar que “Echoes of Wisdom” buscasse inovar. No entanto, as mudanças são tantas que fazem o jogo parecer mais um spin-off de uma das mais tradicionais séries de games da Nintendo.

A história do novo título começa onde tantos outros jogos de “The Legend of Zelda” terminam. Tentando resgatar Zelda, Link trava uma batalha de vida ou morte com o vilão Ganon. O herói prevalece, mas logo após libertar a princesa é engolido por uma fenda mágica, que começa a se espalhar e consumir Hyrule.

Zelda consegue escapar, mas vê seu reino em apuros. Com o famoso herói de túnica verde desaparecido, ela decide tomar as rédeas da aventura após conhecer Tri, um ser mágico que possibilita que ela crie “ecos” de objetos e vilões abatidos.

É essa mecânica e não o protagonismo de Zelda que marca o maior ponto de ruptura na fórmula de sucesso dos jogos “The Legend of Zelda”.

Por mais que cenários, perspectivas, controles e tecnologias mudassem, a série sempre teve como constante ser um jogo de ação/aventura com um herói que combate monstros com espada e escudo nas mãos. Ao dispensar isso, o game se afasta definitivamente da experiência de jogabilidade dos títulos anteriores.

“Echoes of Wisdom”, na verdade, é um jogo de estratégia e quebra-cabeças, em que importa muito mais as escolhas de quando e como usar seu arsenal de monstros e objetos do que ter agilidade nos controles durante os combates.

Até é possível transformar Zelda em uma espécie de “modo espadachim”, que permite ao jogador exercer ações semelhantes às de Link. No entanto, o uso desse recurso é bastante limitado. Na maior parte do tempo, o jogador é obrigado a combater de forma indireta.

Por si só, o afastamento das tradições da série não é ruim. Ainda assim, os fãs precisarão ajustar suas expectativas para não serem surpreendidos pelo que “Echoes of Wisdom” tem a oferecer.

As semelhanças a outros jogos da série estão mais na superfície. A direção de arte, que deixa os personagens e cenários parecendo miniaturas, segue o mesmo estilo da versão remasterizada de “Link’s Awakening”, também desenvolvida pelo estúdio externo Grezzo.

Outra mecânica que se repete é a alternância entre as perspectivas top-down e side-scrolling. Nesse caso, vale destacar o trabalho do estúdio para fazer com que todos os ecos funcionem em ambos os modos, na prática duplicando suas funcionalidades.

Ao longo da aventura é possível coletar até 127 ecos. Enquanto alguns só tem serventia em missões específicas, outros podem ser utilizados para diversos fins. Um exemplo é o eco da cama, que pode ser usada para criar pontes e chegar a lugares mais altos, mas também para recuperar vida dormindo nela.

O inventário de ecos funciona de forma semelhante ao de “Tears of the Kingdom”, com o jogador tendo que passar por longas listas para selecionar o objeto que deseja copiar. A solução fica longe do ideal e, no fim da aventura, pode ser difícil encontrar exatamente o objeto desejado.

Ao menos também foi copiada da última aventura de Link a liberdade para explorar o cenário. Com as ferramentas adequadas, é possível subir em praticamente todos os lugares do mapa e cortar caminho por cima das árvores. A abertura é inédita para jogos 2D da franquia e incentiva a criatividade dos jogadores.

Uma pena que raramente o jogo premie de forma satisfatória quem decide se aventurar em áreas remotas. Muitos dos tesouros escondidos fora do caminho principal são itens que podem ser utilizados em receitas de sucos, que dão vantagens transitórias como, por exemplo, resistência a dano elétrico ou nadar mais rápido. O que acaba sendo frustrante após tanto esforço.

Outra novidade do jogo é a tradução completa do título para o português brasileiro. Pela primeira vez, um jogo da franquia pode ser aproveitado sem obstáculos pelo público nacional. A localização, muito bem executada pela equipe da Nintendo, é especialmente bem-vinda por se tratar de um jogo que pode funcionar como introdução muitos novos fãs à série.

Apesar dos tropeços, “The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom” ainda é um jogo bastante divertido, capaz de proporcionar dezenas de horas de diversão. É louvável que a Nintendo tenha tido a coragem de explorar novas fórmulas em uma série tão tradicional e bem-sucedida. Ainda assim, os fãs precisam estar preparados para encarar com cabeça aberta uma aventura bem diferente daquelas a que eles estão acostumados.

THE LEGEND OF ZELDA: ECHOES OF WISDOM

– Avaliação bom

– Onde Nintendo Switch

– Preço R$ 299

– Classificação Livre

– Produção Nintendo e Grezzo

– Direção Satoshi Terada e Tomomi Sano

TIAGO RIBAS / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS