WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta terça (22) que o Brasil vai aguardar o resultado da eleição americana e ver o que de fato será feito por um novo governo.
“Às vezes anunciam coisas que acabam não se traduzindo na prática. No calor da eleição já vimos isso acontecendo em vários locais do mundo”, disse.
A declaração ocorreu em resposta a uma pergunta sobre a proposta de Donald Trump de elevar tarifas para importações de parceiros comerciais dos EUA.
Falando a jornalistas em Washington, onde está esta semana para participar de reuniões do FMI, Banco Mundial e G20, Haddad também disse que o governo brasileiro nunca teve dificuldades de se relacionar com presidentes democratas ou republicanos.
A eleição nos EUA ocorre daqui duas semanas, em 5 de novembro. Trump e Kamala Harris aparecem tecnicamente empatados nas pesquisas de intenção de voto.
Ainda comentando uma potencial mudança de governo na Casa Branca, o ministro brasileiro disse que acredita que a questão climática, apesar de ser objetivo de disputas ideológicas, está se impondo independentemente das divergências de opiniões.
“O que se espera de governos responsáveis é que eles cedam às evidências e à urgência do que é preciso fazer”, disse, sem citar Trump ou Kamala. “O Brasil tem sua política doméstica e respeita os demais países, e vai respeitar o resultado eleitoral qualquer que seja ele, como sempre fizemos”, completou.
Mais cedo, Haddad participou de uma reunião na Casa Branca com a diretora do Conselho Econômico da Casa Branca, Lael Brainard. Os dois discutiram o G20, grupo presidido pelo Brasil neste ano, e as relações bilaterais.
Também participaram do encontro Gabriel Galípolo, a embaixadora do Brasil Maria Luiza Viotti, Mathias Alencastro e Antônio Cottas de Freitas.
“Tem havido um interesse cada vez maior dos EUA na transição ecológica”, disse o ministro a jornalistas.
Ele citou ainda um memorando assinado com a secretária do Tesouro, Janet Yellen.
Brainard é próxima do Tesouro e política industrial. Em uma eventual vitória de Kamala Harris, ela é vista como uma opção para secretária do Tesouro.
Segundo a Fazenda, em razão do pedido de encontro feito pela Casa Branca, a reunião prevista para o fim do dia com a agência de classificação de risco Fitch Ratings foi cancelada. Não há previsão por ora de ela ser remarcada para esta semana.
Existe a possibilidade de o ministro se encontrar com a agência S&P.
FERNANDA PERRIN / Folhapress