Corpos de atletas de equipe de remo são velados em cerimônia coletiva em Pelotas (RS)

PELOTAS, RS (FOLHAPRESS) – Chegaram a Pelotas (RS) por volta das 18h30 desta terça-feira (22) os caixões das nove vítimas mortas em um acidente em uma estrada do Paraná, no domingo (20). Eles foram transportados de Curitiba pela FAB (Força Aérea Brasileira).

As urnas funerárias foram deixadas por veículos do Exército no clube Centro Português 1º de Dezembro, onde é realizado o velório coletivo.

Integrantes do projeto social Remar Para o Futuro -ao qual pertenciam quase todas as vítimas, com exceção do motorista da van que os transportava-, bem como atletas do clube Grêmio Náutico União, de Porto Alegre, e atletas de um projeto social de taekwondo de Pelotas, o Quem Luta Não Briga, fizeram um arco de remos para a passagem dos caixões.

As vítimas tinham idades entre 15 e 20 anos. No acidente também morreram o técnico da equipe, de 43 anos, e o motorista da van, de 52. O time voltava do Campeonato Brasileiro Unificado de Remo, disputado em São Paulo, para Pelotas, quando o acidente ocorreu na BR-376, em Guaratuba (PR).

Centenas de familiares e amigos se reuniram na cerimônia, inclusive o único atleta que sobreviveu ao acidente, o jovem João Pedro Milgarejo, 17. Ele contou que estava dormindo na parte de trás da van e que não sabia o que estava acontecendo.

“Depois que fui ver que estava tudo desmoronado, meu pé estava preso. Quando eu saí daquela van, já sabia que ia ser só eu. Não tinha como mais ninguém sobreviver”, disse ele à RBS TV.

O jovem teve machucados no rosto e torção em um dos pés, que ficou preso ao banco quando a van tombou. Ele recordou ter ‘apagado’ durante o transporte da ambulância até o hospital. “Eles sempre estavam comigo em qualquer momento, não vai ser agora que eu vou deixar eles”, disse.

A cerimônia também contou com a presença do ministro do Esporte, André Fufuca, do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e da prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB).

Em coletiva de imprensa, Leite disse que o momento é de chorar com a comunidade e de focar nas coisas boas que o projeto trouxe. “Eles trouxeram muitas alegrias para suas famílias e o projeto trouxe muitas alegrias para a cidade. Eles continuam sendo inspiração”.

CAMINHÃO ESTAVA COM FALHA MECÂNICA, DIZ MOTORISTA

O motorista do caminhão envolvido no acidente disse à Polícia Civil do Paraná nesta terça que perdeu o controle do seu veículo. Segundo ele, horas antes do acidente, o veículo já tinha apresentado “diversas falhas mecânicas”. Por isso, ele alega que não conseguiu impedir a batida na traseira da van que levava a equipe de remo.

Segundo o delegado Edgar Santana, responsável pela investigação, o motorista relatou que saiu de Santos (SP) no sábado (19) e, no domingo, já no estado do Paraná, precisou parar na rodovia por problemas mecânicos. Um mecânico, que ainda será ouvido, fez o conserto do caminhão.

“Mais tarde, o veículo começou a apresentar problema de novo e o mesmo mecânico fez o conserto. A partir daí, ele seguiu viagem e, nas proximidades da serra, o problema voltou a ocorrer. Ele tentava engatar as marchas e algumas terminavam não entrando. Ele perdeu o controle e, com excesso de velocidade, houve o impacto na traseira da van”, disse o delegado.

O motorista, que também é de Pelotas (RS), transportava uma carga de peças de veículos e tinha a Argentina como destino.

O delegado conta que o motorista chorou em alguns momentos do depoimento. Segundo o investigador, é necessário aguardar a conclusão da perícia para confirmar ou não a versão do condutor, que obteve a carteira de habilitação na categoria E em março deste ano, segundo contou à polícia.

HELENA SCHUSTER / Folhapress

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