BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), associou nesta terça-feira (22) a dificuldade dos empresários para a contratação de mão de obra no país ao programa Bolsa Família.
A fala do governador aconteceu em um evento em Belo Horizonte junto a empresários do setor de supermercados, após ele ressaltar que o estado deve celebrar a marca de 1 milhão de carteiras de trabalho assinadas em um período de um ano.
“O Brasil é um país difícil. Tem mão de obra disponível, porque só em Minas Gerais, de Bolsa Família, nós temos aí mais de um milhão de pessoas recebendo que alegam não ter oportunidade de trabalho”, afirmou o governador.
Ele comentava uma declaração de Alexandre Poni, presidente da Associação Mineira de Supermercados, de que o setor enfrenta dificuldades para contratação.
“Eu já estive do lado de vocês. Muitas vezes na entrevista a pessoa já vem com aquela pergunta: ‘eu preciso trabalhar sábado ou domingo?’ Se você fala que sim, ela já desiste da vaga, porque a pessoa quer um trabalho, mas cheio de pré-requisitos que nem sempre as empresas conseguem atender”, disse Zema.
Não é a primeira vez que o governador critica o programa Bolsa Família. Em entrevista ao Pânico, da rede Jovem Pan, em fevereiro, ele afirmou que há desempregados integrantes do programa que não voltam a trabalhar por medo de perder o benefício.
Em 2023, ele havia afirmado que os estados do Sul e do Sudeste são diferentes porque neles há proporção maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial.
Após repercussão da declaração e de ter sido acusado de preconceito, Zema, que tenta se viabilizar como candidato à Presidência em 2026, disse que foi mal-interpretado.
O governo federal tem rebatido as acusações de que o Bolsa Família gera um desincentivo para que as pessoas busquem emprego.
Em respostas a críticas do influenciador Pablo Marçal (PRTB) em setembro, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social) disse que no ano passado 9 milhões de beneficiários do programa celebraram um contrato formal de trabalho, enquanto em 2024 mais 5,5 milhões farão o mesmo.
“Quando a gente olha o saldo positivo do Caged, do Cadastro Geral do Emprego, no ano passado (…) 71% das vagas foram preenchidas pelo público do Bolsa Família, do cadastro único. E este ano já estamos chegando a 77%”, disso o ministro, que chefia a pasta responsável pelo programa.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress