BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A pouco mais de dois meses para o fim de 2024, restam disponíveis apenas 15% do orçamento anual da Caixa para financiamento da compra da casa própria com recursos da poupança.
Segundo o vice-presidente de Finanças e Controladoria da Caixa, Marcos Brasiliano Rosa, há um superaquecimento da demanda por esse modelo de financiamento resultante do aumento da liquidez das famílias brasileiras.
“2024 foi um ano bem diferente daquilo que tínhamos imaginado”, afirmou à reportagem. “Nós tivemos em dezembro do ano passado o pagamento de precatórios, que botou alguns bilhões na praça -inclusive aqui na Caixa. E, quando falamos de emprego e renda, o desemprego está lá embaixo e a renda do trabalhador está aumentando.”
A escassez dos recursos foi pano de fundo para a mudança nas regras de concessão anunciadas na semana passada, quando a Caixa reduziu o valor máximo de crédito para a compra de imóveis pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), que engloba propriedades de até R$ 1,5 milhão.
A Caixa agora estuda uma nova linha de financiamento para atender o público que ficou desassistido com essas mudanças. O novo modelo de crédito seria pelo SFI (Sistema Financiamento Imobiliário) e permitiria que a instituição praticasse taxas de juros de mercado, segundo Brasiliano.
O lançamento ainda não tem data prevista.
A Caixa iniciou o ano com um orçamento em torno de R$ 75 bilhões para contratações de crédito imobiliário com recursos da poupança. Até setembro, R$ 63,5 bilhões já tinham sido consumidos.
Segundo Brasiliano, a redução do valor máximo de crédito para a compra de imóveis pelo SBPE e o estabelecimento de um teto de propriedades de até R$ 1,5 milhão visaram justamente viabilizar a divisão da parcela restante, de cerca de R$ 11,5 bilhões, por um número maior de concessões.
Outra nova regra anunciada foi que os clientes poderão ter apenas um financiamento imobiliário ativo com o banco.
As alterações começam a valer a partir de 1º de novembro. Sobre os clientes que já estão com negociações em andamento, a Caixa informou que as regras antigas valerão somente para os contratos agendados para serem assinados até 30 de outubro. Os contratos que forem agendados a partir do dia 1º já estarão sob as novas regras.
“A demanda do crédito como um todo, mas em especial do crédito imobiliário, aumentou de maneira significativa, e o mercado, na questão do SBPE, não tem condição de absorver essa demanda toda. É natural a Caixa, até por ter as taxas mais baratas e já controlar praticamente 70% [dos financiamentos imobiliários], ficar com a maior demanda represada, que é o excedente daquilo que a gente se propôs a fazer”, afirma.
De acordo com o vice-presidente, seria possível aumentar os recursos disponíveis para o SBPE se houvesse uma alteração no “mix” nas fontes de recursos originados via poupança e via LCI (Letra de Crédito Imobiliário). A mudança, no entanto, poderia ocasionar o aumento das taxas dos empréstimos e, por isso, não foi levada adiante.
“Não estamos avaliando esse aspecto para este ano. Vamos ver como fechamos 2024, mas a intenção é conseguir continuar praticando as menores taxas”, diz o executivo.
Ele afirma que a Caixa irá executar completamente o orçamento proposto para as contratações de crédito imobiliário com recursos da poupança em 2024 e “até um pouco mais”, mas não explícita de quanto seria esse adicional.
MARIANNA GUALTER / Folhapress