WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O governo federal lançou nesta quarta-feira (23) uma plataforma que promete mapear e listar projetos de economia verde alinhados a planos do governo federal para o tema e reunir investidores e financiadores dos setores público e privado e instituições financeiras globais.
O lançamento foi feito pelo ministro Fernando Haddad, em Washington. Segundo o chefe da Fazenda, a plataforma, chamada de BIP, tem como objetivo dinamizar os investimentos internacionais em economia verde.
A iniciativa contará com projetos validados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que receberão um selo de certificação verde. A validação assegura que os projetos estejam alinhados ao Plano de Transformação Ecológica do Brasil.
“Estamos unindo financiadores a proponentes que possuem projetos inovadores voltados para a transformação ecológica”, afirmou Haddad.
Inicialmente, os projetos escolhidos para a BIP estarão voltados para as áreas de indústria e mobilidade, bioeconomia e energia.
O anúncio de desenvolvimento da plataforma já havia sido feito pelo BNDES em fevereiro. A iniciativa faz parte de um projeto com a GFANZ (Glasgow Financial Alliance for Net Zero), entidade britânica que reúne instituições financeiras de 50 países empenhadas na transição energética.
Apresentada como resultado de um ano e meio de trabalho do Ministério da Fazenda, a plataforma marca a conclusão do processo de estruturação do paradigma financeiro brasileiro para investimentos sustentáveis. Haddad enfatizou que a iniciativa representa o início de uma nova onda de investimentos em projetos ambientais e sociais.
“A plataforma combina financiamento e projetos. Estamos fazendo um ‘match’ entre essas duas pontas, com recursos, inclusive externos, para transformar a economia verde”, disse o ministro.
Segundo Haddad, mesmo antes do lançamento da plataforma, iniciativas como o Fundo Clima e o Eco Invest (já haviam alavancado, juntos, R$ 55 bilhões em investimentos -R$ 10 bilhões no Fundo Clima e R$ 45 bilhões no Eco Invest. Os dois projetos utilizam recursos do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima para financiar projetos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas no Brasil.
Ele destacou a importância de aproveitar a presidência do G20 e a próxima COP30 para ampliar o intercâmbio entre projetos e potenciais financiadores, buscando expandir o alcance da plataforma para propostas que incluam investimentos em agricultura de baixo carbono.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, acrescentou que uma das principais vantagens da nova plataforma é o selo de confiança que os projetos receberão ao serem aprovados, garantindo que eles façam sentido dentro de um ecossistema de investimentos alinhado ao plano climático do Brasil. “Estamos identificando quais projetos são coerentes com as diretrizes de investimento sustentável”, afirmou.
Haddad expressou otimismo com o Congresso Nacional e citou a aprovação de projetos como o do Combustível do Futuro. “O Congresso vai aprovar o crédito de carbono, e a taxonomia deve ser finalizada até o final do ano”, disse. Ele destacou a importância do pacto entre os Poderes, incluindo o Judiciário, para a transformação ecológica.
“Não dá pra negar que, em dois anos, após um período de negacionismo, o Congresso avançou bastante”, afirmou Haddad.
LUCIANA ROSA / Folhapress