Uruguaios no Rio foram presos por porte de arma, furto, lesão, roubo e injúria racial

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O planejamento da Polícia Militar para acompanhar torcedores do Peñarol no Rio de Janeiro previa reforço do patrulhamento no local do conflito somente a partir das 17h30 de quarta-feira (23). O tumulto, que terminou com 280 uruguaios detidos, começou por volta do meio-dia.

A Polícia Civil prendeu em flagrante 22 torcedores do Peñarol. Eles foram encaminhados à Polinter e devem passar por audiência de custódia nesta quinta-feira (24).

O grupo estava no rio para acompanhar a partida entre o clube uruguaio e o Botafogo, que venceu por 5 a 0 e encaminhou classificação para a final da Libertadores. O jogo de volta será na próxima semana, no Uruguai.

Eles foram autuados individualmente. Entre os delitos estão porte ilegal de arma de fogo, furto, lesão corporal, roubo, dano qualificado, incêndio, associação criminosa, desacato, rixa e injúria racial. Um adolescente foi apreendido e seguirá para a Vara da Infância e Juventude.

Outros 330 uruguaios vão responder pelo artigo 201 do Estatuto do Torcedor, que prevê pena para quem promover tumultos ou incitar violência.

Um grupo foi escoltado em 20 ônibus pela Polícia Rodoviária Federal. A escolta ocorreu durante a madrugada, e a PRF fluminense foi substituída pela PRF paulista em Queluz (SP), próximo à divisa entre São Paulo e Rio.

Na terça (22), véspera da partida entre Botafogo e Peñarol, o comando da PM enviou documento ao 31° Batalhão, do Recreio dos Bandeirantes, pedindo “prévio planejamento e articulação” com o Bepe, batalhão especializado em policiamento em estádios, para reforçar a praça do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes, local de concentração dos torcedores do Peñarol.

Também foi determinado reforço em bairros das zonas norte e oeste, como Madureira e Jacarepaguá, onde normalmente ocorrem conflitos entre torcidas organizadas do Rio.

Para o Recreio dos Bandeirantes, onde estavam concentrados os uruguaios, a determinação era monitorar “a permanência e o deslocamento de torcedores e ônibus de torcidas organizadas com destino ao estádio Nilton Santos”.

No mesmo dia, o 31° BPM gerou uma ordem de policiamento em cinco pontos: praça da Zefa, no Recreio, avenida Olegário Maciel, na Barra, e os terminais do BRT Recreio, Alvorada e Jardim Oceânico.

A ordem indicava reforço no patrulhamento a partir das 17h30 até a dispersão dos torcedores e não menciona a praça do Pontal, um dos locais do tumulto.

A confusão começou por volta do meio-dia. Há relatos de que o confronto teria começado após os uruguaios terem avistado torcedores do Flamengo na região.

Outra hipótese aponta que a origem do conflito foi um roubo de celular em um quiosque na orla da praia.

O secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos, admitiu que houve falha no planejamento.

“Lições aprendidas. A responsabilidade é minha. Tenho que rever todo o processo e identificar onde houve falhas”, disse o secretário.

De acordo com Victor dos Santos, a previsão era de que 14 ônibus com torcedores uruguaios chegariam ao Rio. Outros ônibus chegariam direto ao estádio.

No entanto, apenas 9 dos 14 chegaram durante o dia. Segundo o secretário, os três ônibus estacionados na orla da praia do Recreio teriam sido alugados pelos torcedores. Ou seja, sem apoio das organizadas, que notificam as autoridades.

“Os três ônibus envolvidos estavam desgarrados do comboio esperado de torcedores. Pelo que apuramos, eles [torcedores] se organizaram e alugaram por conta própria”, afirmou Santos.

Em setembro, torcedores do Peñarol estiveram no Rio para acompanhar a partida contra o Flamengo, pelas quartas de final da Libertadores, e parte do grupo brigou com torcedores rubro-negros durante a manhã, na praia da Macumba, no Recreio dos Bandeirantes.

Naquela ocasião, o Consulado Geral do Uruguai no Rio de Janeiro comunicou ao comandante-geral da PM que os torcedores uruguaios ficariam em um camping isolado no Recreio dos Bandeirantes. A ideia, que partiu do próprio consulado, em conversa com o Peñarol, era “tirar a maior parte da torcida visitante das áreas mais movimentadas da cidade”, segundo e-mail enviado pelo consulado.

A representação uruguaia na capital fluminense argumentou que essa era uma “ótima solução para evitar a circulação de torcedores a caráter, o que diminuiria as chances de encontro com a torcida local, com o consequente risco de confrontos”.

Até 2019, torcedores do Peñarol ficavam concentrados em hotéis e albergues em Copacabana. Naquele ano, parte da torcida brigou com torcedores do Flamengo na orla. Um torcedor rubro-negro foi atingido na cabeça com uma cadeira. Ele ficou internado por dez meses e morreu em 2020.

YURI EIRAS / Folhapress

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