SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito Ricardo Nunes (MDB) chega à reta final da campanha com o apoio consolidado dos eleitores de seu padrinho político, Jair Bolsonaro (PL), mostra o Datafolha. Ele também atrai parte dos que votaram em Lula (PT) em 2022, herdados em sua maioria pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
Nunes mantém 84% das intenções de voto entre quem votou no ex-presidente no pleito de 2022 e 26% entre quem votou no atual presidente, na penúltima pesquisa feita antes do segundo turno a última será no sábado (26). Já Boulos tem 66% dos eleitores do petista e apenas 9% dos votantes de Bolsonaro.
Esses números variaram muito pouco, dentro das margens de erro do levantamento, ao longo do segundo turno. O apoio a Nunes pelos eleitores do petista foi o que mais oscilou negativamente (de 31% para 26% em duas semanas). Ainda assim, segue relevante.
Encomendada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, a pesquisa entrevistou presencialmente 1.204 pessoas nesta terça (22) e quarta-feira (23) e está registrada na Justiça Eleitoral sob o código SP-07600/2024. O nível de confiança é de 95%, e a margem de erro geral é de três pontos percentuais, mas sobe para quatro pontos entre eleitores de Lula e cinco entre votantes de Bolsonaro.
Até o primeiro turno, o eleitorado bolsonarista ficou dividido entre Nunes e o influenciador Pablo Marçal (PRTB). O empresário tomou a dianteira nesse segmento durante a maior parte da corrida, mas, com sua derrota, o prefeito retomou a preferência majoritária entre os apoiadores do ex-presidente.
Uma aliança envergonhada marcou a relação entre eles nos últimos meses. Apesar de ter declarado apoio a Nunes em janeiro, Bolsonaro só compareceu a um evento de sua campanha a cinco dias do segundo turno.
Na última terça (22), ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), eles almoçaram com cerca de 400 empresários e políticos, gravaram um podcast, participaram de um culto e jantaram numa pizzaria. Os três, porém, fizeram discursos breves, acenos discretos e elogios pouco efusivos.
Bolsonaro não se engajou na campanha de Nunes temendo sofrer represálias de parte do seu eleitorado que preferia Marçal a Nunes. Sua participação se restringiu à presença na convenção eleitoral, em agosto, e à indicação do vice na chapa, o policial militar bolsonarista Mello Araújo.
Entre aliados do prefeito, havia dúvidas se a participação do ex-presidente no segundo turno seria benéfica. Eles pesavam sua rejeição perante o eleitorado paulistano e o fato de que Nunes, afinal, chegou à segunda etapa da disputa acirrada sem grande a ajuda do padrinho.
A função de padrinho e cabo eleitoral do prefeito, então, acabou sendo transferida para Tarcísio, que chegou a fechar sua agenda para se dedicar à reeleição do aliado. Na terça, o governador foi saudado pelos apoiadores como a pessoa que mais trabalhou na campanha e brincou que essa era a voz “do fim de campanha”.
Em entrevista coletiva naquele dia, o ex-presidente minimizou sua ausência: “o que tinha que ser feito da minha parte, foi feito”, disse. Também negou ter apoiado Pablo Marçal, afirmando que “foi uma dor de cabeça enorme” desmentir a fala do influenciador de que receberia seu apoio, três meses atrás.
Do outro lado, a última semana da campanha de Boulos não contará com a presença de Lula. O presidente avisou ao psolista que não viajará a São Paulo neste sábado (26) para participar de um ato na avenida Paulista por recomendações médicas, após o acidente doméstico que sofreu no último domingo (20).
O presidente, que vota em São Bernardo do Campo (SP), bateu a cabeça ao se desequilibrar de um banco e teve de tomar pontos na nuca, o que o fez cancelar também sua viagem à Rússia para a reunião do Brics. Ainda não há previsão de que ele participe de eventos online com Boulos.
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), porém, foi às ruas com o psolista na noite de terça. Ele acompanhou Boulos no bar Estadão, na região central, e seguiu para um ato no Teatro Gazeta, na avenida Paulista. O vice-presidente, que apoiou Tabata Amaral (PSB) no primeiro turno, anunciou voto no psolista após a derrota da deputada federal.
JÚLIA BARBON / Folhapress