SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O conselho de administração da Hypera rejeitou a proposta de aquisição de ações e de combinação de negócios feita pela EMS, controlado pelo grupo NC Farma, de acordo com fato relevante divulgado pela farmacêutica nesta quinta-feira (24).
“Após analisar a Proposta, em conjunto com seus assessores externos, o Conselho de Administração deliberou, por unanimidade, rejeitá-la, sem dar início a tratativas quanto ao tema”, afirmou a empresa, dona dos medicamentos Benegrip e Doril.
Entre os argumentos para a negativa, a Hypera citou que a avaliação atribuída à companhia na proposta “subestima significativamente o valor da Hypera”.
A empresa também afirmou que portfólio de produtos da EMS não está alinhado com os segmentos que a companhia avalia como estratégicos, bem como a Hypera e a EMS têm cultura organizacional e práticas de governança corporativa “absolutamente distintas”.
Segundo a proposta que foi divulgada pela EMS na segunda-feira (21), a companhia ofereceu comprar 20% das ações da Hypera a um valor de R$ 30 por ação, um prêmio de cerca de 14,6% frente ao preço do papel negociado na Bolsa ao final do pregão daquele dia.
O anúncio ocorreu durante o pregão, fazendo com que as ações da Hypera, que desabavam naquele dia, mudassem de curso, fechando o dia em alta de 1,91%, a R$ 26,16. Naquele dia, os papéis chegaram a tombar mais de 17% após a divulgação de dados preliminares do terceiro trimestre e uma nova política de prazo de pagamentos concedido a clientes a fim de otimizar o capital de giro.
A Hypera afirmou que “lamenta” que a proposta tenha sido enviada à empresa ao mesmo tempo em que foi divulgada pela imprensa e com o pregão em curso, e que “zelará pelos interesses da companhia e dos seus acionistas” e pelo “cumprimento das normas aplicáveis ao mercado de valores mobiliários”.
A companhia reforçou que a administração segue focada na execução da estratégia de otimização de capital de giro, que tem “enorme potencial de geração de valor para seus acionistas de longo prazo”. Na quarta-feira (23), as ações fecharam em baixa de 2,81%, a R$ 27,32.
Caso a fusão fosse aceita, o negócio poderia resultar na criação de uma empresa líder do setor farmacêutico na América Latina, conforme constava na proposta enviada pela NC Farma.
No ano passado, a Hypera registrou receita líquida de R$ 7,91 bilhões. As vendas para o consumidor final pela empresa foram majoritariamente de medicamentos com prescrição (32%) e sem prescrição (32%). Já a venda de genéricos somou 13% e a de similares, 15%.
No caso da EMS, que teve receita líquida de R$ 7,945 bilhões em 2023, a situação é inversa. A venda de genéricos foi de 42% do total das vendas da empresa para o consumidor final em 2023, enquanto similares foi de 16%, medicamentos sob prescrição, 25%, e sem prescrição, apenas 2%.
Redação / Folhapress