RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Pressionado pela queda no preço do minério de ferro, o lucro da Vale caiu 3,4% no terceiro trimestre de 2024, para R$ 13,4 bilhões. A mineradora anunciou que assina nesta sexta-feira (25) o acordo final para reparação dos danos da tragédia de Mariana (MG).
Foi o último balanço trimestral da gestão do ex-presidente da mineradora Eduardo Bartolomeo, que foi substituído no início de outubro pelo então vice-presidente financeiro da companhia, Gustavo Pimenta, em conturbado processo de sucessão.
No documento em que apresenta o resultado da companhia, divulgado nesta quinta-feira (24), Pimenta diz que sua gestão se esforçará “para transformar a Vale em uma companhia mais ágil e eficiente, promovendo a inovação e uma cultura de desempenho”.
Afirmou também que vai acelerar a oferta de minério de ferro de alta qualidade e crescer em minerais básicos, principalmente o cobre. “Por fim, tenho o compromisso de aprimorar nossos relacionamentos institucionais, garantindo que iremos deixar um impacto positivo para as pessoas e o meio ambiente.”
No terceiro trimestre, a empresa teve receita de R$ 37,7 bilhões, alta de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa, caiu 7,5%, para R$ 20 bilhões.
O trimestre foi marcado pelo crescimento de 5,5% na produção de minério de ferro, o principal produto da companhia, que chegou a 91 milhões de toneladas, o maior valor desde o quarto trimestre de 2018, o último antes da tragédia de Brumadinho (MG), que levou a uma série de restrições à operação de minas.
O aumento, porém, foi compensado negativamente pela queda de 14% no preço dos finos de minério de ferro, que ficaram em US$ 90,6 por tonelada no trimestre. As pelotas foram vendidas pela companhia a US$ 148,2 por tonelada, queda de 8%.
No ano, a Vale acumula lucro de R$ 36,3 bilhões, alta de 30% em relação ao mesmo período de 2023.
A companhia ainda que elevou em US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bilhões) as provisões para o acordo de compensação pela tragédia de Mariana, que deixou 19 mortos e um rastro de destruição em 2015. O valor provisionado agora é de US$ 4,7 bilhões (R$ 26 bilhões).
A decisão, diz, reflete “a avaliação mais atualizada sobre o potencial acordo com as autoridades brasileiras, as reivindicações relacionadas ao rompimento da barragem da Samarco e a extensão em que a Samarco pode financiar desembolsos futuros.”
Na semana passada, a Vale anunciou que estava finalizando acordo de cerca de R$ 170 bilhões para reparação dos danos. Para analistas, o acordo reduzirá incertezas sobre o valor das reparações, um dos principais riscos sobre a companhia, segundo o Goldman Sachs.
A assinatura, agendada para esta sexta, era uma das prioridades deste início de gestão do novo presidente da empresa, que falou também em melhorar relacionamento com públicos de interesse, principalmente governos, e apostar no crescimento da produção de cobre.
A maior provisão elevou a dívida expandida da mineradora em 12%, para US$ 16,5 bilhões (cerca de R$ 92 bilhões, pela cotação atual).
NICOLA PAMPLONA / Folhapress