SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A juíza Jennifer Rochon, dos EUA, bloqueou nesta quinta-feira (24) o acordo de US$ 8,5 bilhões (R$ 48,5 bilhões) do grupo de moda Tapestry, dona da Coach e Kate Spade, para a aquisição da Capri, detentora de marcas de luxo como Michael Kors e Versace, alegando uma possível perda de concorrência.
O acordo foi bloqueado por um tribunal de Nova York depois que a Comissão Federal de Comércio americana (FTC) apresentou uma ação para impedi-la no começo do ano. A negociação era uma tentativa de criar uma gigante global da moda de luxo para competir com as potências europeias.
A corte considerou que “as partes que se fundem são concorrentes próximos e, por isso, a fusão levaria à perda da concorrência direta”, segundo documentos judiciais.
Entre as preocupações com o acordo estava a possibilidade de as empresas reduzirem os descontos e aumentarem os preços caso a fusão se concretizasse.
A decisão é considerada uma vitória para a FTC, agência independente cujo principal comissário foi designado pelo presidente Joe Biden.
“A decisão de hoje (quinta-feira) é uma vitória não apenas para a FTC, mas também para os consumidores de todo o país, que buscam bolsas de qualidade a preços acessíveis”, afirmou Henry Liu, diretor da FTC.
Caso a fusão fosse aceita, a nova empresa passaria a ter cerca de 59% do mercado, de acordo com um economista que foi testemunha no julgamento.
Os dois grupos afirmaram no processo que o setor tem muitos concorrentes em diferentes faixas de preço. “A decisão é decepcionante e acreditamos (ser) incorreta em termos de lei”, comentou a Tapestry, após a divulgação da sentença, segundo informações do Financial Times.
As ações da Capri despencaram mais de 50% depois da decisão, enquanto os papéis da Tapestry subiram 12% no pós-mercado de quinta-feira (24).
FERNANDO NARAZAKI / Folhapress