GOIÂNIA, GO (FOLHAPRESS) – O debate da noite desta sexta-feira (25) entre os candidatos à Prefeitura de Goiânia Fred Rodrigues (PL) e Sandro Mabel (União Brasil) abrigou uma ferrenha troca de acusações de corrupção, sinal das suspeitas de ilegalidades que marcam a reta final da campanha na capital de Goiás.
Fred, que é o candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusou Mabel de ser “PhD em ter o nome citado e envolvido em rolos”.
Mabel chamou o adversário de mentiroso contumaz, que faz parte de um grupo político especializado em fazer “assaltos e maracutaia” e que será preso.
O início do debate na TV Globo, o último antes do segundo turno, que será realizado no domingo (27), abrigou não só as suspeitas que já vieram a público, mas outras novas.
Na manhã desta sexta-feira (25), a Polícia Federal realizou busca e apreensão em endereços do deputado federal Gustavo (PL-GO), principal fiador em Goiás da candidatura de Fred. A autorização partiu do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, sob a suspeita de desvio da cota parlamentar.
Esse tema foi explorado por Mabel, afirmando que a PF está batendo às portas dos aliados de seu oponente.
Outro tema explorado por Mabel foi o fato de PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Goiás ter informado à Justiça Eleitoral que Fred não é formado em direito, ao contrário do que havia declarado ao registrar a candidatura.
Antes da campanha, Fred foi ainda diretor de promoção de mídias sociais da Assembleia Legislativa de Goiás, cargo que, pelas regras da Casa, só pode ser ocupado por pessoas com formação superior completa. A Assembleia disse ter aberto sindicância para apurar o caso.
No debate, Fred afirmou que Mabel usou dinheiro da Federação das Indústrias do Estado para instalar um sistema de TV de R$ 15 mil em sua casa.
A campanha do candidato do União Brasil também foi alvo de decisões desfavoráveis da Justiça nos últimos dias.
A juíza Maria Umbelina Zorzetti, da 1ª Zona Eleitoral de Goiânia, concedeu duas liminares em que indica ver uso da máquina pelo governador em prol de seu candidato.
Na primeira, proibiu Caiado e Mabel de usarem o Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual e residência oficial do governador, para eventos eleitorais. Caiado e Mabel haviam sido anfitriões no palácio de jantares em que se buscou angariar apoio ao candidato do União Brasil.
Na segunda, expedida na noite desta quinta-feira, a juíza afirma que o governador e Mabel usaram a máquina pública para comprar votos por meio de cestas básicas.
A menção às suspeitas que envolvem as duas candidaturas também foram o tema central também do último dia de propaganda eleitoral gratuita na TV.
Tanto a campanha de Fred como a de Mabel abordaram os casos que afetam o outro, em uma tentativa final de elevar o desgaste do adversário.
Pesquisa Quaest divulgada no dia 17 mostrou que Mabel tinha 46% das intenções de voto contra 39% de Fred.
No primeiro turno, o bolsonarista chegou na liderança, com 31,14% dos votos válidos. Mabel ficou em segundo, com 27,66%.
O ex-deputado estadual Fred Rodrigues tem 39 anos e começou a campanha bem atrás nas pesquisas. Ele assumiu a candidatura após a desistência de Gayer.
Fred colou a sua imagem exaustivamente a Bolsonaro e no discurso de que está lutando contra o sistema.
Já Mabel, de 65 anos, apostou na tática de tentar vincular Fred à inexperiência administrativa, um importante tema, tendo em vista a altíssima rejeição da população da cidade à atual gestão, de Rogério Cruz (Solidariedade) –o atual prefeito tentou a reeleição e ficou em sexto, com apenas 3,14% dos votos.
RANIER BRAGON / Folhapress