PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – O último debate do segundo turno para a prefeitura de Porto Alegre entre o candidato à reeleição Sebastião Melo (MDB) e a deputada federal Maria do Rosário (PT), exibido pela TV Globo nesta sexta-feira (25), teve discussões acaloradas nos temas de educação, saúde e prevenção a desastres.
Maria do Rosário abriu o debate se apresentando, e citou a diminuição no índice do Ideb, filas para atendimento médico, escândalos de corrupção e os problemas no sistema de proteção contra enchentes. “O senhor acha que a cidade piorou, sim ou não, nesses quesitos?”, questionou a deputada.
Melo defendeu o histórico de sua gestão na área de educação, dizendo que obteve 7.000 vagas para crianças de 0 a 5 anos com a expansão do convênio com escolas privadas, e a nomeação de 1.600 professores na rede pública.
“Eu sou o primeiro a reconhecer que essa questão do Ideb é uma questão que nós precisamos melhorar”, disse Melo. “Os governos do PT que passavam as crianças sem ler e escrever.”
Maria do Rosário rebateu que escolas municipais relataram falta de gás nesta sexta-feira (25), e citou o protesto de uma escola que colocou cartazes em protesto com a situação.
Segundo Melo, a educação de Porto Alegre sofre com o viés ideológico de alguns docentes. “Aquelas que querem fazer oposição ao governo, ao invés de comprar gás, botam cartaz na porta”, disse.
A petista disse repudiar a fala do prefeito. “Estranho muito quando diz que quer fazer um pacto pela sociedade e ataca professoras”, respondeu.
Outro conflito ocorreu quando o tema das enchentes dominou a pauta. A deputada federal voltou a criticar as ações da administração de Melo, o acusando de omissão com os avisos de que o sistema de prevenção estava defasado, e o nomeando como responsável pela tragédia que afetou 160 mil pessoas diretamente.
“Água não tem ideologia nem partido político”, respondeu Melo ao dizer que foi a maior tragédia na história do Rio Grande do Sul.
O prefeito buscou se posicionar como um gestor experiente, dizendo que Rosário não vive a realidade da capital. “Como a senhora está muito longe, está em Brasília, a senhora não acompanha o dia a dia”, disse Melo.
“O senhor sabe que eu moro aqui”, respondeu Rosário. “O senhor ofende minha família, porque como mãe eu tenho que voltar sempre.”
As críticas se estenderam aos governos do presidente Lula (PT), principal apoiador de Maria do Rosário, e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está com Melo.
“O seu governo anuncia muito e entrega pouco”, disse Melo. Ele também questionou o porquê do governo Lula ter negado em um primeiro momento as propostas de obras de drenagem e infraestrutura contra enchentes pelo PAC.
“Depois que veio o temporal, mudaram de opinião e acolheram algumas propostas, mas que ainda não saíram as portarias”, continuou.
Rosário disse que Melo busca uma relação conflituosa com Lula por motivos ideológicos. “O senhor continua enganchado com o Bolsonaro”, disse a petista. O prefeito disse que mantém uma relação republicana com Lula. “Não teve uma vez que o presidente esteve aqui [durante as enchentes] que eu não estava lá para recebê-lo.”
Entretanto, o emedebista disse que acredita na boa fé do governo Lula para resolver os problemas da enchente, e elogiou o trabalho de Nísia Teixeira à frente da Saúde. “Ela é uma boa ministra, tem sido parceira”.
Nas considerações finais, Melo se apresentou como um candidato a favor da prosperidade e da sustentabilidade fiscal. “Acho que nessa eleição tem muita facilidade para o eleitor decidir”, disse Melo.
Maria do Rosário buscou marcar presença como uma alternativa segura, mencionando o legado do PT, que governou a cidade entre 1988 e 2004, e sua boa relação com o governo federal. “Respeito muito meu adversário, mas está na hora da mudança. Mudar é bom”
CARLOS VILLELA / Folhapress