O isolamento social no estado de São Paulo, em todos os dias desta semana, foi de apenas 48%, abaixo do considerado satisfatório pelo governo paulista, acima de 50%. Ontem (28), o índice voltou a ser de 48% tanto no estado quanto na capital. Com isso, o governador de São Paulo, João Doria, voltou a ameaçar interromper a previsão de reabertura dos serviços e atividades considerados não essenciais, fechados em todo o estado desde o dia 24 de março, quando teve início o período de quarentena.
“Essa taxa de isolamento de 48% não é um número bom. É um número de alerta para a população, especialmente para a de São Paulo, epicentro dos casos de coronavírus do país”, disse Doria. A cidade de São Sebastião, no litoral paulista, teve ontem a maior taxa de isolamento do estado, em torno de 63%.
“Em uma taxa de isolamento de 48%, não preciso sequer perguntar aos integrantes do comitê [Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, que auxilia as ações do governo paulista em relação à pandemia], não há a menor condição de flexibilização de isolamento e evidentemente com riscos de colapso no atendimento público nos hospitais da capital e da região metropolitana. Se vocês querem sair do isolamento e ter nova fase de isolamento, colaborem. Fiquem em casa”, falou Doria.
São Paulo tem, até este momento, 24.041 casos, com 2.049 óbitos. Há ainda 1.786 pessoas internadas em unidades de terapia intensiva (UTI) e 1.917 em enfermarias. A taxa de ocupação de leitos no estado de São Paulo está em torno de 68% nas UTIs e de 47% nas enfermarias. Mas ela é bem superior e crítica na Grande São Paulo, com 85% de ocupação de UTIs e de 75% em enfermarias.
O secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, explicou que, quando todos os leitos públicos estiverem esgotados, seguindo a legislação, o governo poderá começar a reivindicar leitos de hospitais filantrópicos. E caso isso também se esgote, a ampliação de leitos poderá ser reivindicada junto a hospitais privados.
Segundo o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, a prefeitura tem criado novos leitos para atendimento de pessoas com coronavírus. Mas eles serão insuficientes, de acordo com ele, se as pessoas não mantiverem o isolamento. “Só na cidade de São Paulo, o esforço da prefeitura criou 3.567 leitos. Desses leitos, 1.337 são de UTI, dos quais 563 já foram entregues”, falou ele. “Se as pessoas relaxarem no isolamento, todo mundo vai ficar doente ao mesmo tempo, e nós, mesmo com esse esforço, não vamos conseguir atender a população. Daí a possibilidade de salvar vidas cai drasticamente”.
O estado de São Paulo ultrapassou ontem 2 mil mortes por coronavírus desde o início da pandemia. São Paulo demorou 32 dias para atingir mil mortes desde o registro do primeiro óbito. Mas em apenas oito dias atingiu outras mil mortes, somando 2.049 óbitos. Segundo Doria, isso indica que o estado chegou a sua fase mais difícil. “Estamos iniciando a fase mais dura e mais difícil do coronavírus e lamentavelmente também do número de mortes. Não só em São Paulo, mas em todo o Brasil”, disse o governador. “Não estamos nessa pandemia enfrentando nenhuma gripezinha. Estamos enfretando um vírus que mata e que, infelizmente, neste momento não tem nem medicamento e nem vacina [contra ele]. Só tem uma solução: ficar em casa e obedecer ao isolamento social”, acrescentou.
Texto: Agência Brasil