Piada racista com Porto Rico ofusca festa de Trump em Nova York

NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – O humorista Tony Hinchcliffe foi um dos primeiros a falar no showmício de Donald Trump neste domingo (27) no Madison Square Garden, em Nova York. Ele deveria ser apenas um dos atos para aquecer o público antes da atração principal, mas seu discurso cheio de piadas racistas ou de mau gosto rapidamente tomou as manchetes.

Hinchcliffe chamou Porto Rico, um território americano, de ilha de lixo flutuante, disse que espera imigrantes de braços abertos enquanto gesticulava “vão embora”, e que latinos “gostam de fazer bebês”, emendando uma piada vulgar em seguida.

Uma das maiores populações latinas nos Estados Unidos, é com direito a voto, é de Porto Rico. Neste domingo, Bad Bunny, um dos maiores artistas da atualidade, endossou Kamala Harris. Luis Fonsi, de “Despacito”, chamou a fala de falta de respeito, assim como a deputada aliada de Trump Maria Salazar.

A polêmica gerada pelos comentários ofuscou o sonho antigo do republicano de realizar um evento no icônico Madison Square Garden. O espaço, com capacidade para 20 mil pessoas, quase lotou. De madrugada já havia pessoas na fila.

Além do humorista, uma série de outras pessoas discursou, como o vice JD Vance, o bilionário Elon Musk, o presidente da Câmara, Mike Johnson, o ex-lutador Hulk Hogan (que rasgou a camisa, como fez na convenção republicana), a ex-primeira dama Melania (em uma rara aparição na campanha) e Dr. Phil.

Quando Trump subiu ao palco, passavam das 19h no horário local (20h em Brasília). Enquanto falava, várias pessoas foram embora.

Em seu discurso, o candidato repetiu os principais pontos de sua campanha, atacado imigrantes, associando-os à criminalidade, e prometendo reconstruir a economia.

Trump parou o discurso duas vezes para transmitir vídeos no telão. Ambos misturavam trechos de noticiário sobre crimes supostamente cometidos por imigrantes e falas de Kamala Harris.

Um dos vídeos terminava com a frase “acabe com a ocupação. Libere a América”. Ecoando a mensagem, o republicano disse que sua vitória será a libertação dos EUA, e repetiu a promessa de promover a maior deportação em massa da história americana.

“Envie-os de volta”, entoou o público em certo momento.

O republicano voltou a dizer que é preciso combater o “inimigo de dentro”. A nove dias da eleição, ele disse que o que está em jogo é algo maior do que derrotar a chapa adversária.

“Estamos concorrendo contra algo muito maior que Joe Biden e Kamala, algo mais poderoso. É a máquina corrupta democrata”, disse. “Um grupo amorfo de pessoas, mas eles são espertos e ambiciosos.”

“Dizem ‘como posso falar do inimigo de dentro’. Mas são essas pessoas que estamos lutando contra. Teríamos a maior vitória da história do nosso país”, completou.

“Essa nação não pertence a eles, ela pertence a vocês”, afirmou o candidato, incentivando seus apoiadores a votarem. Ele se disse confiante que será vencedor, disse que está na frente em todos os estados-pêndulo, mas fez a ressalva de que sua vitória “precisa ser tão grande para que eles não consigam fraudar”.

Trump, que até hoje não admitiu sua derrota em 2020, tem repetido acusações sem provas de que o mesmo ocorrerá este ano -porque supostamente imigrantes estariam votando em Kamala. A constituição dos EUA prevê que apenas cidadãos do país podem votar.

O ex-apresentador da Fox News Tucker Carlson também usou seu discurso para levantar dúvidas sobre a lisura da eleição. Ele disse que será inacreditável se Kamala vencer a eleição no próximo mês. Ele também fez um comentário racista sobre a democrata, que disse ter um QI baixo.

No front econômico, Trump anunciou que, se eleito, vai apoiar um crédito tributário para cuidadores em famílias –algo semelhante ao prometido por Kamala. A democrata também copiou o adversário ao adotar em seu programa a proposta do empresário de tirar impostos sobre gorjetas.

FERNANDA PERRIN / Folhapress

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