Filmes de ‘Percy Jackson’ não tinham tom dos livros como a série, diz Rick Riordan

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Rick Riordan está com a agenda cheia. O autor americano se divide entre a finalização de uma trilogia de livros e a produção de uma série de TV, ambos projetos derivados de “Percy Jackson e os Olimpianos”, a saga literária que o alçou ao sucesso no início dos anos 2000.

A série do Disney+, também intitulada “Percy Jackson e os Olimpianos”, vem para corrigir os erros cometidos pelas adaptações cinematográficas anteriores. Em dois filmes lançados nos anos 2010, “Percy Jackson e o Ladrão de Raios”, de 2010, e “Percy Jackson e o Mar de Monstros”, de 2013, Logan Lerman interpretava um Percy Jackson mais velho, bem diferente do que os fãs conheciam nos livros.

“Os filmes simplesmente não tinham o mesmo tom ou os mesmos personagens dos livros, e para mim, como autor, isso é o mais importante”, conta Riordan em entrevista à reportagem. “A série de TV está muito mais próxima dos livros. Isso me deixa feliz e, pelo que ouvi, também deixou os leitores felizes.”

Para o autor, a boa adaptação é a que mantém o DNA da história, apesar das limitações de tempo e orçamento que ele passou a conhecer quando se tornou produtor executivo e cocriador da série. “O maior desafio foi aprender a contar a mesma história, mas com um conjunto diferente de ferramentas”, diz.

“Eu sabia desde o início que a série não poderia ser uma cópia página por página do livro. Mesmo que tentássemos, não funcionaria, porque são mídias simplesmente diferentes.”

Além de se preocupar com a manutenção do espírito do livro, o autor conta que fez questão de escolher atores que “sentia que incorporavam as personalidades dos personagens”. Enquanto o Percy de Lerman gerou estranhamento nos fãs, Walker Scobell, o protagonista na série, tem idade bem mais próxima do personagem, em torno de 12 a 13 anos, o que influencia na história.

A saga de Riordan teve início em 2005 com a história de um menino incomum que descobre ser filho do deus Poseidon e vai parar em um acampamento para semideuses, onde outros jovens como ele, frutos da relação entre um deus e um mortal, se abrigam em um mundo entre o Monte Olimpo e a Terra.

O Percy dos livros só entrou no ensino médio com o lançamento da trilogia mais recente, que tem dois livros já publicados pela Intrínseca, “O Cálice dos Deuses” e “A Fúria da Deusa Tríplice”. Na nova aventura, o herói tem que enfrentar monstros mitológicos para conseguir terminar a escola e ir para a universidade.

“Percy está mais velho agora, mas mantém a mesma personalidade. Ele é capaz de pensar de forma mais madura do que quando tinha 12 anos e consegue expressar melhor seus sentimentos, o que tem sido ótimo de escrever”, conta seu criador.

Os novos livros se somam ao universo mitológico crescente conhecido como “Riordanverso”. O autor já lançou mais de 40 livros contando a história de Percy Jackson e outros deuses e semideuses das mitologias grega, nórdica e egípcia.

Em 2010, Riordan deu outra entrevista à Folha na qual afirmou já ter visto muitas séries de livros fracassarem porque seus autores não souberam quando parar. Mais de uma década depois, com dezenas de obras publicadas e mais a caminho, ele defende a sua criação.

“Comparado à mitologia grega, que existe há milênios, Percy Jackson é apenas um piscar de olhos, mas me sinto honrado que os livros tenham tido tanta longevidade.”

Em meio a tantos projetos, Riordan não se preocupa em prever seus passos seguintes. “A única coisa que posso dizer com certeza é que continuarei escrevendo o máximo que puder, porque amo meu trabalho. Enquanto eu estiver me divertindo e os leitores também, não vejo motivo para me aposentar.”

ISADORA LAVIOLA / Folhapress

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