SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O consórcio Novas Escolas Oeste SP, que tem como empresa líder a Engeform Engenharia LTDA, foi o vencedor do leilão para a parceria público-privada para a construção e manutenção de escolas estaduais paulistas projeto encampado pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O governo estadual estipulou como teto para os lances o valor de R$ 15,2 milhões ao mês, mas o consórcio arrematou a licitação ao fazer a proposta de receber R$ 11,98 milhões ao mês, o menor lance apresentado.
O leilão ocorreu na manhã desta terça, na B3, na região central de São Paulo. Bloqueios feitos por policiais e GCMs impediam acesso de manifestantes de movimentos estudantis e sindicatos ao local.
A Engeform faz parte de dois consórcios que prestam serviço na cidade de São Paulo. A construtora é sócia da Consolare, empresa que administra sete cemitérios na capital -Consolação, Quarta Parada, Santana, Tremembé, Vila Formosa I e II e Vila Mariana.
É também parte da Teen Imobiliário, que ganhou dois lotes de uma PPP (Parceira Público-Privada) e é responsável pela construção de 3.800 unidades habitacionais na Mooca e no Ipiranga. Além disso, é sócia de três empresas que prestam serviço nas cidades de Ipameri (GO), Buriti Alegre (GO) e Pomerode (SC), por meio de concessões.
Além da ganhadora, também concorreram ao leilão do primeiro lote a PCS II Infra Fundo de investimentos em Participação, a Agrimat Engenharia e Empreendimentos LTDA e a Consórcio Jope ISB Empresa Líder.
“A oportunidade dessa parceria para a construção de escolas é a Copa do Mundo do nosso setor. Por isso, estamos muito felizes com o resultado”, disse Marcelo Castro, CEO da Engeform em discurso após vencer a licitação.
A PPP prevê a construção de 17 novas escolas estaduais. Durante todo o contrato, o governo do estado vai pagar R$ 3,38 bilhões para a empresa vencedora.
O secretário de Educação, Renato Feder, disse que a parceria privada vai permitir que as escolas estaduais tenham “qualidade de escola particular, com infraestrutura top e investimento alto”.
“Esse leilão é super importante pra nós porque nós temos um problema grave de infraestrutura na rede estadual. Mais de 80% das nossas escolas tem mais de 20 anos. A gente tá tratando agora da construção de escolas novas”, disse Tarcísio.
O governo afirmou na manhã desta terça que tem planos de fazer uma nova PPP para que o setor privado faça a manutenção de escolas antigas da capital paulista.
Assim que o vencedor foi anunciado, a deputada Maria Izabel Noronha (PT), presidente da Apeoesp, principal sindicato dos professores de São Paulo, e outros dois representantes do sindicato se manifestaram contrários ao processo. “Vergonha” e “incompetência”, gritaram enquanto os representantes do consórcio ganhador se abraçavam em comemoração.
OS LOTES
Além do lote vencido arrematado pela Engeform, será leiloado um segundo lote, para a construçãod e 16 escolas. As unidades serão construídas em 29 municípios do interior de SP e irão oferecer, ao todo, 35,1 mil vagas.
Poderão sair vencedoras, portanto, duas empresas, cada uma responsável por um lote. Mas, segundo a SPI, uma mesma empresa poderá vencer as duas licitações e ficar responsável pelas 33 escolas.
Haverá três tipos de escolas, com 21, 28 e 35 salas de aula, e, segundo a SPI, todas terão que obedecer a um padrão arquitetônico e conter, entre outros espaços, anfiteatros, laboratórios, pátios, refeitório e quadras poliesportivas cobertas com vestiários, além de uma sala para sediar o grêmio estudantil.
A iniciativa tem gerado críticas entre educadores que avaliam que é responsabilidade do Estado gerir essas escolas com eficiência, não transferir tal dever a um ente privado.
A PPP prevê que todas as atividades pedagógicas permaneçam sob responsabilidade da Secretaria da Educação, assim como a contratação de professores.
MANIFESTAÇÃO
A Polícia Militar e a Guarda Civil bloquearam os quarteirões que dão acesso à B3 na manhã desta terça-feira, antes do início do leilão.
Foram feitos bloqueios nas ruas que dão acesso à B3 para impedir a chegada de integrantes de movimentos estudantis e sindicatos ao local. Somente pessoas autorizadas puderam circular pelos três quarteirões do entorno.
Os estudantes protestam com cartazes que dizem “minha escola não está a venda” e “não à privatização das escolas”. Manifestantes da Apeoesp também foram impedidos de se aproximar do local.
Ainda na entrada, o deputado estadual Lucas Bove (PL) discutiu com manifestantes.
ISABELA PALHARES / Folhapress