RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Na decisão judicial que decretou a prisão preventiva de Rogério Andrade, a juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis, da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, explicou como a polícia chegou à participação do policial reformado Gilmar Enéas Lisboa no assassinato de Fernando de Miranda Iggnácio.
Lisboa, que passará por audiência de custódia ainda nesta terça-feira (29), é um novo nome na investigação. Ele teria auxiliado o chefe de segurança de Andrade, Márcio Araújo, a monitorar a vítima. Já Andrade foi denunciado, pela segunda vez, como mandante do crime -na primeira, em 2022, o STF trancou a ação penal acatando o pedido da defesa, alegando falta de provas.
Em sua defesa, os advogados afirmaram, na época, que a denúncia era genérica e falhava em esclarecer como Rogério teria planejado ou ordenado a execução do crime, além de não apresentar provas concretas que justificassem a imputação de autoria. A defesa de Lisboa não foi encontrada.
De acordo com a juíza, Iggnácio era chamado pelo apelido de Cabeludo entre os denunciados, conforme mais de um diálogo. Em determinado momento, Lisboa usa o termo e descreve um cais próximo à residência da vítima. “A referência à vítima é reforçada ainda mais pelo diálogo que, após a anexação de imagens, informa que ‘o cais de ferro, na cor verde, fica nos fundos da casa do Cabeludo’, imóvel que se constatou ser de propriedade da vítima”, afirmou.
Márcio Araújo de Souza é descrito como um dos principais envolvidos no crime. Ele é apontado como responsável pela segurança pessoal de Andrade e teria sido encarregado de contratar outros participantes para o homicídio. Araújo é mencionado como alguém de confiança de Rogério, referindo-se a ele como “chefe” ou “01”. Araújo nega envolvimento.
Entre as provas que fundamentaram a decisão judicial estão laudos de necropsia, exames do local do crime, registros de ocorrência e relatórios de análise de imagens. A prisão preventiva foi decretada, segundo a juíza, com o objetivo de garantir a ordem pública, evitar interferências nas investigações e proteger testemunhas.
Além disso, a juíza determinou a transferência de Andrade para um presídio federal de segurança máxima, em regime disciplinar diferenciado, para impedir sua influência nas investigações.
No inquérito sobre a morte de Fernando Iggnácio, em 2020, a polícia apontou as supostas motivações de Rogério de Andrade para o crime, traçando um histórico do jogo do bicho e da criminalidade no Rio de Janeiro. As razões apontadas incluiriam o controle de atividades ilícitas e o desejo de vingança pela morte de seu filho adolescente, vítima de uma explosão causada por uma bomba colocada no carro da família.
BRUNA FANTTI / Folhapress