Bolsonaro vai ao Senado negociar anistia ao 8/1 e a ele próprio para apoiar Alcolumbre e Motta

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve na tarde desta terça-feira (29) no Senado para negociar o apoio do PL às candidaturas de Davi Alcolumbre (União Brasil) e Hugo Motta (Republicanos-PB) às presidências do Senado e da Câmara, respectivamente.

Na saída da reunião, afirmou que várias negociações estão na mesa e defendeu enfaticamente a anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e a ele próprio, que está inelegível devido a duas decisões da Justiça Eleitoral.

“Foi um julgamento político e estamos buscando maneiras de desfazer isso aí. A prioridade nossa é o pessoal que está preso, eu sou o segundo plano”, afirmou Bolsonaro.

Ao ser questionado diretamente sobre se colocou a sua própria anistia como condicionante ao apoio a Alcolumbre e Motta, ele negou, mas disse que há acordos que são feitos apenas cara a cara, sem formalização.

“Não tem condicional nenhuma. Tem certos, acordos, não vou enganar vocês, que a gente faz no tête-à-tête, não tem nada escrito, nem passa para fora. O que a gente quer é solução. Não queremos poder, é solução.”

O PL tem a maior bancada da Câmara, com 92 das 513 cadeiras, e 14 dos 81 senadores.

Bolsonaro também disse ter conversado nesta segunda com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e apoiou a decisão do parlamentar de retirar da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e colocar em uma comissão especial o projeto de anistia aos participantes do 8 de janeiro.

“Muito pelo contrário”, respondeu à pergunta sobre se a comissão seria para “enterrar a anistia”.

“Não adianta aprovar por 200 a zero, ou 500 a zero na comissão, se o dono da pauta para o plenário é o nosso Arthur Lira. Então Arthur Lira não está impondo nada para mim nem eu para ele. Em comum acordo, uma das alternativas foi a criação da comissão. O que o pessoal pretende ao criar a comissão é trazer para cá os órfãos de pais vivos. Vocês vão ficar chocados”, disse o ex-presidente.

Segundo ele, se a comissão conseguir cumprir seus prazos, o tema pode ser votado ainda neste ano.

Em vários momentos da entrevista Bolsonaro afirmou que a anistia às pessoas condenadas e que respondem a processo pela quebradeira na sede dos três Poderes em janeiro de 2023 é a prioridade. E que a sua própria anistia para disputar as eleições presidenciais de 2026 é o ponto a ser tratado a seguir.

A ideia de seus aliados é incluir no projeto o perdão ao ex-presidente durante a tramitação da proposta.

“A anistia está sempre nas pautas nossas. Entendemos que o 8 de janeiro não foi uma tentativa de golpe, muito menos armada. Tem gente inocente, gente que tem seis filhos, é uma questão humanitária.”

As eleições para o comando da Câmara e do Senado ocorrem em fevereiro. Alcolumbre e Motta são favoritos.

O ex-presidente indicou que o PL deve apoiar Alcolumbre e Motta.

“Ninguém aqui está para esconder a verdade de vocês. Sabemos da força do Alcolumbre, que ele deve ser o presidente no futuro”, disse, lembrando que a decisão do PL de confrontar a candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD) à presidência do Senado em 2023 deixou o partido sem cargos na Mesa Diretora e nas comissões.

RANIER BRAGON E THAÍSA OLIVEIRA / Folhapress

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