Governo federal anuncia grupo de trabalho e cerco a fuzis contra crime no Rio

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O secretário nacional de Segurança, Mário Sarrubbo, anunciou nesta terça-feira (29), criação de um grupo de trabalho em conjunto com as forças de segurança do estado do Rio de Janeiro para combater a entrada de armas ilegais e recuperar territórios dominados por facções criminosas.

O anúncio foi feito em entrevista coletiva na tarde desta terça no CICC (Centro Integrado de Comando e Controle) no centro do Rio, após uma reunião da cúpula de segurança do estado com o representantes do Ministério da Justiça.

O encontro ocorre após recentes episódios de violência na capital fluminense, como o confronto entre policiais e traficantes na quinta-feira (24), durante operação no Complexo de Israel, na zona norte da cidade.

Três pessoas morreram e outras três ficaram feridas no tiroteio. A ação bloqueou por cerca de duas horas a avenida Brasil, uma das principais vias do Rio, e impactou a circulação de trens e linhas de ônibus.

De acordo com Sarrubbo, o foco do trabalho será na parte financeira do crime organizado.

“Não se trata mais de uma operação policial, estamos pensando numa rede de estruturação de inteligência, para analisar a economia do crime. Esse é o principal eixo”, afirmou o representante do governo federal.

O secretário de Segurança Nacional afirmou ainda que o início do trabalho integrado será “nos próximos dias”, e que uma das principais frentes de atuação do grupo, será na investigação do caminho de entrada de fuzis no estado.

“Queremos ver para onde está indo esse dinheiro, de onde vem, qual é o ciclo econômico que domina determinado território. E também olhando, claro, porque tem tantos fuzis no Rio de Janeiro. Nós já sabemos o caminho disso, então vamos trabalhar nisso. É muito fuzil para pouco metro quadrado. Isso é símbolo do domínio territorial”, disse Sarrubbo.

Segundo o secretário de segurança do RJ, Victor Santos, quase metade das armas que entram no estado vem dos EUA.

“Hoje nós temos um diagnóstico: 47% das armas são de origem americana, vem dos EUA. Vamos buscar junto ao consulado americano e a ATF (sigla em inglês para Agência de Álcool, Tabaco e Armas de Fogo), que fiscaliza e controla esse tipo de crime”, disse.

Em relação aos recentes casos de violência na Cidade Alta, comunidade que faz parte do Complexo de Israel, Santos disse que não haverá atuação da força policial na região.

“Chegamos a conclusão que deve ser retomado de outra maneira, e não por meio de operação policial. O estado tem que se fazer presente de outra forma, com o social”, disse.

“A operação da semana passada era para retirada de barricadas e restabelecer o sinal de telefone e internet para os moradores. Esse trabalho foi feito. Não era previsível que criminosos atacassem inocentes. Hoje sabemos que isso é possível e nas próximas ações isso será levado em conta”, completou o secretário estadual de segurança do Rio.

OPERAÇÃO ESPECIAL PARA O G20

Ainda nesta terça, Santos anunciou que haverá um novo decreto para uma operação de GLO (Garantia de Lei e da Ordem) na capital fluminense, durante a cúpula do G20, em novembro.

O secretário de segurança fluminense descartou, no entanto, que a medida tenha relação com a crise de violência no Rio. “Essa GLO vai ser certamente decretada, mas isso já estava sendo combinado antes, durante as reuniões”, afirmou.

O bloco, que reúne chefes de Estado das nações mais ricas do mundo, será realizado nos dias 18 e 19, no MAM (Museu de Arte Moderna), na zona sul da cidade.

ALÉXIA SOUSA / Folhapress

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