BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Uma reunião da JEO (Junta de Execução Orçamentária), colegiado de ministros responsável pelas decisões de política fiscal e orçamentárias do governo, deverá acontecer ainda nesta semana.
Em princípio, vários temas orçamentários estão na pauta, mas a expectativa na equipe econômica é que o foro da JEO permita avançar na definição das medidas do pacote de corte de gastos, após a reunião desta terça-feira (29) do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com integrantes da área econômica.
A Casa Civil chegou a pré-marcar a reunião para a tarde desta quarta-feira (30), mas ainda não havia confirmação oficial até a noite desta terça.
A piora do mercado financeiro em reação à demora do anúncio das medidas aumentou o senso de urgência, segundo integrantes da área econômica ouvidos pela Folha.
Essa leitura está sendo apresentada ao presidente em reunião no Palácio da Alvorada para discutir medidas mais estruturantes de revisão de gastos.
A avaliação entre técnicos é de que ainda é preciso uma rodada de sensibilização do presidente Lula quanto à velocidade necessária para a adoção das medidas necessárias à sobrevivência do arcabouço fiscal.
O que se espera na área econômica é que ainda nesta semana o presidente libere os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) a seguirem adiante com o pacote de corte de gastos a ser apresentado ao Congresso Nacional.
Há, no entanto, uma ala do governo que vê urgência na aprovação das medidas ainda este ano, mas argumenta que a apresentação das medidas não precisa ser necessariamente nesta semana. O mais importante neste momento, segundo esse grupo, é alinhar internamente as medidas para evitar o risco de retrocesso nas discussões.
Há uma preocupação também com a aceitação dessas medidas no Legislativo. A avaliação é de que a janela para a aprovação das mudanças vai até o fim deste ano, pois deixar os projetos para 2025 seria um “risco enorme”. Nesse período, o governo ficaria exposto a críticas e incertezas, além de precisar retomar as negociações após a volta do recesso legislativo como se fosse do zero.
O anúncio das medidas foi prometido pelos dois ministros para depois do segundo turno das eleições municipais. Sem medidas concretas na segunda-feira (28) após o resultado eleitoral, o dólar fechou nesta terça-feira (29) em R$ 5,762, o maior nível desde março de 2021.
Auxiliares de Haddad citam como importante o apoio público do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, à agenda de corte de gastos, durante evento na segunda.
Em outros momentos relevantes para a equipe econômica, o presidente do BNDES também apoiou o ministro da Fazenda, como na decisão para não mudar a meta fiscal deste ano e a meta de inflação
Além de Mercadante, o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, também tem apontado a necessidade de o governo adotar medidas de reformas estruturantes do lado de despesas para afastar a crise de credibilidade fiscal que passa o governo Lula e que vem afetando o dólar, os juros futuros e prejudicando combate da inflação.
Técnicos do governo afirmam que o presidente quer verificar antes de bater o martelo das medidas a recepção dos líderes do Congresso. Auxiliares do presidente também têm manifestado preocupação com o impacto das medidas na popularidade do presidente Lula.
A JEO é formada por Fernando Haddad, Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), Rui Costa (Casa Civil) e Simone Tebet.
ADRIANA FERNANDES E IDIANA TOMAZELLI / Folhapress