Pacheco defende exploração de petróleo e mineração em painel sobre ESG em Londres

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu nesta terça-feira (29) que o Brasil não deixe de explorar riquezas naturais, como petróleo e minérios, em nome da proteção ambiental. A declaração foi dada durante painel sobre ESG e economia real na Lide Brazil Conference London, uma iniciativa da Folha de S.Paulo, UOL e Grupo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), realizada em Londres.

Na mesma fala, o senador defendeu a importância dos sistemas de proteção ambiental e social no Brasil, citando leis “modernas, inteligentes e que vêm sendo aprimoradas”, como o projeto de combustíveis do futuro, que cria programas de diesel verde, de combustível sustentável para aviação e de biometano. Na sequência, afirmou que a proteção ambiental não deve significar uma trava para o desenvolvimento do Brasil.

“A obviedade que temos para rechaçar desmatamento na amazônia e incêndios no pantanal deve ser a mesma de que o Brasil não pode deixar de explorar suas riquezas, que o petróleo da margem equatorial lá no estado do Amapá precisa ser produzido e que as reservas minerais de Minas Gerais precisam ser produzidas com sustentabilidade, porque são riquezas para o povo”, disse.

Pacheco enfatizou ainda a importância de regulamentar a reforma tributária —cujo parecer deve ser apresentado à Câmara em novembro— para o desenvolvimento econômico do país.

“Não é a reforma ideal, disfunções e distorções podem ser corrigidas ao longo do tempo, mas é preciso fazê-la porque é uma unanimidade que nosso sistema tributário prejudica o setor produtivo e o crescimento do Brasil”, acrescentou. “Ao prejudicá-los, esses conceitos de sustentabilidade ambiental, social e governança vão para o ralo.”

Ainda na visão do parlamentar, o conceito de ESG evoluiu com o tempo e é hoje requisito para que uma empresa mantenha sua competitividade. Caberia, portanto, à economia o desafio de inserir os pilares ambiental, social e de governança à sua realidade. O governo, por sua vez, pode atuar beneficiando empresas que priorizem a temática em seus processos.

Compondo a mesa também presente, a professora de direito ambiental da USP (Universidade de São Paulo) Patrícia Iglecias ressaltou a conexão clara entre o setor econômico e a sustentabilidade.

“Não existe atividade econômica sem impacto, mas também não dá para viver sem impacto. O ponto é conectar a atividade com o menor impacto”, afirmou Iglecias, que já presidiu a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e foi secretária do Meio Ambiente do estado de São Paulo.

A professora acrescentou que é preciso haver segurança jurídica para avançar na discussão do mercado de carbono. Segundo ela, tratar o crédito de carbono como um fruto civil exige cuidado. Se assim for, explicou, um potencial cliente europeu não se vincularia a eventuais problemas em uma má gestão daquele bem. “Quem adquirir o crédito só terá segurança jurídica caso ele esteja desatrelado da gestão da área protegida.”

Para José Luis Blasco, CEO da Acciona Carbon (aplicativo que permite calcular pegadas de carbono), o debate sobre ESG está diretamente relacionado a infraestrutura.

“Nos próximos anos, tudo vai mudar, teremos a maior redistribuição de recursos da economia, que é a descarbonização completa do planeta.”

O desenvolvimento da infraestrutura passa, segundo ele, por usos que vão além do primário. Isso é pouco aplicável, porém, porque os engenheiros fazem as construções voltadas para apenas uma funcionalidade.

Outra meta deve ser pensar em instalações integradas com a paisagem —ou até “invisíveis”. Como exemplo, o executivo citou o túnel da baía de Sydney, na Austrália, construído sob as águas para desafogar o fluxo de carros na ponte que liga as regiões sul e norte da cidade.

Todas essas obras são uma oportunidade de colaboração entre os setores público e privado, acrescentou Blasco.

Na mesma mesa, o governador do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha (MDB), endossou Rodrigo Pacheco ao associar ESG ao sucesso da economia. Ele defendeu que a gestão estadual siga um modelo empresarial. “Estado-empresa gera oportunidades para as pessoas, em especial para quem têm mais necessidades.”

Em relação à infraestrutura da capital do país, Rocha destacou o investimento de R$ 7 bilhões do governo. “Brasília deixa de ser uma cidade somente administrativa e passa a ser uma cidade interessante para o empresariado”, disse.

O painel contou ainda com a presença do senador Irajá Silvestre (PSD-TO). A mediação foi feita pela colunista do UOL Raquel Landim e por Carlos Marques, presidente do Lide Conteúdo.

BEATRIZ GATTI / Folhapress

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