SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em meio aos trabalhos do Corpo de Bombeiros, que nesta quinta-feira (31) ainda atuam no rescaldo do incêndio que atingiu o Shopping 25 Brás, os comerciantes reabriram suas lojas e tentam estratégias para diminuir os prejuízos do dia de trabalho perdido na véspera.
Os pontos de bloqueio foram todos retirados pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) por volta das 9h20 desta quinta-feira (31). Apenas os lojistas da quadra entre a rua Barão de Ladário e a rua da Juta, região onde fica o shopping atingido pelas chamas, não podem reabrir.
Lauro Pimenta, tem uma loja de roupas na rua Oriente, um dos trechos que ficaram bloqueados até esta manhã, e afirma que teve prejuízo de cerca de R$ 20 mil.
“Não consegui despachar ontem as vendas de terça. A transportadora não conseguia chegar e eu não podia abrir a loja para despachar a mercadoria que iria para o Sul. Era uma venda de R$ 6.000, tive de estornar o valor”, lamenta.
O restante do prejuízo foi devido à impossibilidade de abrir a loja e receber clientes no dia. Para contornar o problema, ele vai manter a loja aberta no sábado (2), feriado de Finados.
“A gente não abre nessa data, mas conversamos com a equipe e todo mundo topou para tentar diminuir o prejuízo. Pelo que vi no nosso grupo, cerca de 60% dos lojistas vão fazer a mesma coisa”, explica Pimenta, que é vice-presidente da Alobrás, associação que representa os lojistas de rua da região.
Segundo ele, a intenção dos lojistas é mostrar um clima de normalidade.
“Muita gente desistiu de vir, muitas excursões cancelaram, ficaram com medo. O fogo teve repercussão nacional. A gente quer mostrar que podem vir, que o clima é de normalidade, diz.
Cristiano Braga, que tem uma loja de roupas íntimas e meias, há 22 anos, também na rua Oriente, diz que teve entre R$ 6.000 e R$ 8.000 de prejuízo.
A Defesa Civil só permitiu a reabertura das lojas nesse trecho da rua Oriente, entre a Barão de Ladário e a Miller, por volta das 9h40.
“Cheguei cedo não pude abrir, e isso me lembrou daquele pavor da pandemia, por um tempo a incerteza me deixou com medo, como foi naquela época. Mas a Alobrás falou com a Defesa Civil e eles agilizaram a reabertura”, diz.
Ele, porém, não vai manter as portas abertas no feriado.
“Nesses 22 anos, sempre respeitei essa data porque tem funcionários que querem visitar seus entes falecidos, eu mesmo também faço isso, então vou continuar respeitando a data. Dá vontade de abrir, mas vou seguir como sempre fiz”, ponderou.
Os bombeiros ainda trabalham no rescaldo do incêndio.
“Rescaldo é aquela fase do incêndio que tem o calor, mas não tem chama aberta, mas tem o material combustível, que a gente movimenta para não pegar fogo novamente. O cenário é de destruição”, explicou o capitão Maycon Cristo, porta-voz do Corpo de Bombeiros.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress