ROTERDÃ, HOLANDA (FOLHAPRESS) – Um teste sanguíneo que indica a quantidade de células tumorais circulantes no sangue de homens com câncer de próstata pode ser útil para identificar a possível resposta ao tratamento da doença. A conclusão é de uma pesquisa que, segundo os autores, pode ajudar na escolha da terapia mais adequada para pacientes com o tumor: tratamentos convencionais ou experimentais.
Publicado na revista Jama Network Open, o artigo analisou casos de pacientes com câncer de próstata com metástase ou seja, que se encontrava em outros órgãos humanos e com uma boa resposta ao tratamento hormonal ou nos casos em que essa terapia ainda não havia sido aplicada. Tal tratamento hormonal é útil porque controla a liberação de hormônios como a testosterona, contendo a evolução do tumor.
Os autores, associados a centros de pesquisas dos Estados Unidos, observaram que, embora as terapias tenham evoluído nos últimos anos e tornaram boas estratégias para tratar pacientes com esse subtipo de câncer, as respostas a esses tratamentos variam a depender do caso. O objetivo foi investigar se haveria uma forma de identificar como seria a reação antes de aplicar os procedimentos médicos.
As células tumorais circulantes foram um marcador que aparentava ser interessante para o estudo. Essas células, originadas no câncer, podem entrar na corrente sanguínea do paciente e, por isso, são um importante fator para a metástase do tumor ocorrer.
Inicialmente, a pesquisa foi composta por 1.313 homens com câncer de próstata em estágio inicial da terapia hormonal. Desses, 503 que já apresentavam metástase do tumor tiveram suas amostras de sangue avaliadas.
Essas amostras foram divididas em três tipos, a depender do número de células cancerígenas identificadas por cada 7,5 ml de sangue. O primeiro grupo era daqueles que não apresentavam a célula maligna, o segundo continha uma quantidade de 0 a 4 dessas substâncias na amostra e o terceiro nicho tinha um índice acima de cinco.
Ao comparar os três grupos, os pesquisadores observaram que o terceiro núcleo de pacientes apresentava chance de morrer cerca de três vezes maior em relação aqueles homens sem células cancerígenas observadas no sangue. O estudo também concluiu que esse terceiro grupo basicamente não apresentava melhora no controle do tumor mesmo com tratamentos padrões sendo adotados.
Os cientistas ainda sistematizaram a média de meses que esses homens sobreviveram após terem suas medições realizadas. Entre aqueles do terceiro grupo, eram em torno de 28 meses. Em relação àqueles sem células cancerígenas no sangue, a sobrevida era de pelo menos 78 meses.
A conclusão do estudo reafirma que quando as células associadas ao câncer se espalham pelo corpo humano, é um sinal da gravidade do quadro clínico do paciente. Ao mesmo tempo, os autores do artigo defendem que esse marcador pode ser útil para guiar os médicos na adoção de outros tratamentos.
Considerando que os pacientes com índices mais altos das células cancerígenas no sangue não respondiam adequadamente aos procedimentos comuns e tinham um período curto de vida após a medição, os especialistas defendem que seria importante oferecer a esses homens terapias ainda experimentais.
Esse seria o caso de estudos clínicos em andamento. Testar tais procedimentos nesses homens seria importante para investigar a segurança e eficácia desses novos mecanismos investigados, ao mesmo tempo que poderia trazer um efeito positivo para esse paciente em estágio crítico do câncer ou não.
SAMUEL FERNANDES / Folhapress