SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Justiça ordenou a exclusão de vídeos em que a médica Lana Tiani Almeida da Silva afirma, sem provas, que o câncer de mama não existe. Segundo decisão do Tribunal de Justiça do Pará nesta sexta (1º), Lana promove “descredibilização dos métodos científicos” e “imenso e irresponsável risco à saúde da população.”
A médica poderá pagar R$ 1.500 de multa diária caso volte a negar a existência da doença e manter as publicações no ar.
No Instagram, Almeida se apresenta como médica de “medicina integrativa e modulação hormonal bio idêntico nano” e pediu aos seguidores para esquecer a campanha outubro rosa em prol da conscientização sobre esse tipo de câncer.
“Venho falar para vocês que câncer de mama não existe. Então esqueçam outubro rosa, esqueçam mamografia. Mamografia vai causar inflamação nas mamas”, diz. Almeida tinha cerca de 10 mil seguidores no Instagram.
Apesar de se divulgar como especialista em mastologia, Almeida declara ao CRM-PA não ter especialidade médica. A equipe dela afirma que ela não vai se pronunciar até a conclusão do caso.
O Inca (Instituto Nacional de Câncer) chamou o conteúdo de fake news. Nesta terça (29), Almeida foi denunciada ao CRM-PA (Conselho Regional de Medicina do Pará), onde tem registro profissional. O CBR (Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem) protocolou a ação na Justiça contra a profissional.
Segundo o Inca, a doença corresponde a cerca de 30% de todos os diagnósticos de câncer no país, com previsão de 74 mil novos casos por ano até 2025. A SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia) afirma que a propagação de notícias falsas tem como objetivo a venda de curas milagrosas com uso de hormônios manipulados.
Além da exclusão dos vídeos, a Justiça definiu que Almeida não pode “anunciar qualquer cura ou método alternativo para patologias.”
Além dela, o médico Lucas Ferreira Mattos, com registros em São Paulo e Minas Gerais, também afirmou, falsamente, que a mamografia causa câncer. O caso também é investigado pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo).
MARCOS CANDIDO / Folhapress