SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Kemi Badenoch tornou-se a nova líder do Partido Conservador, no Reino Unido, após derrotar Robert Jenrick em uma votação interna neste sábado (2). Ela é a primeira mulher negra a liderar um grande partido político britânico.
Badenoch, 44, substitui, portanto, o ex-primeiro-ministro Rishi Sunak -que foi o primeiro premiê não branco- com promessas de renovar o partido, que amargou a maior derrota desde sua fundação nas eleições de julho. Segundo ela, o partido havia se desviado para o centro político ao “governar pela esquerda”.
Durante a contagem final da disputa de liderança, a ex-deputada afirmou que os conservadores precisavam enfrentar verdades difíceis se quisessem reconquistar o apoio dos eleitores. “Temos que ser honestos sobre o fato de que deixamos os padrões caírem”, disse.
À direita do partido, Badenoch obteve pouco mais de 56% dos 95 mil votos, em uma votação que teve uma participação de 73% dos membros elegíveis. Segundo o jornal britânico The Guardian, é a vitória mais apertada desde que o partido mudou suas regras para permitir que os membros tivessem a palavra final em eleições de liderança contestadas.
Badenoch disse ainda que a primeira responsabilidade do partido “como leal oposição” é cobrar responsabilidade do Partido Trabalhista -sigla vencedora da última eleição, com o atual premiê, Keir Starmer. “A tarefa que temos pela frente é difícil, mas simples”, disse Badenoch.
“Nossa segunda [tarefa] não é menos importante. É se preparar, ao longo dos próximos anos, para o governo, para garantir que, na época da próxima eleição, tenhamos não apenas um conjunto claro de promessas conservadoras que atraiam o povo britânico, mas um plano claro de como implementá-las, um plano claro para mudar este país mudando a forma como o governo funciona”, prosseguiu a nova líder.
O resultado das eleições de julho do Reino Unido impôs ao Partido Conservador a maior derrota da história da sigla, fundada há 190 anos, em 1834. Os tories, como também são conhecidos, perderam 252 assentos na Câmara dos Comuns e agora vão comandar uma bancada de 121 parlamentares, a menor desde que começaram a competir em eleições gerais em 1835.
Starmer chegou ao cargo graças a uma eleição que foi, em grande medida, um referendo sobre 14 anos dos conservadores no poder –período marcado por um brexit caótico, aumento no custo de vida e sucateamento dos serviços públicos, como o NHS, o sistema de saúde público que inspirou o SUS.
Starmer parabenizou Badenoch por sua vitória, dizendo que sua conquista ao se tornar a primeira líder negra de um partido em Westminster foi um “momento de orgulho para o país”.
Badenoch, que tem ascendência nigeriana, já declarou publicamente que prefere não focar sua identidade racial. Questionada no início deste ano sobre como se sentiria ao se tornar a primeira mulher negra líder do partido, ela disse: “Sou alguém que quer que a cor da nossa pele não seja mais significativa do que a cor do nosso cabelo ou a cor dos nossos olhos”.
Redação / Folhapress