Prédio residencial ‘mais alto do mundo’ fará sombra a partir das 14h em praia de Santa Catarina

BALNEÁRIO CAMBORIÚ, SC (FOLHAPRESS) – O arranha-céu de 500 metros de altura anunciado para ser o mais alto residencial do mundo quando concluído deve gerar sombra na praia Central em Balneário Camboriú, em Santa Catarina. A informação faz parte do estudo apresentado à prefeitura para a liberação da obra.

E isso deve ocorrer no verão, quando a cidade está tomada de turistas. Na última temporada, mais de 1,5 milhão de visitantes estiveram na cidade, segundo a Secretaria de Turismo do município.

Em nota, a construtora FG, responsável pela obra, disse que a sombra será por um “curto período de tempo” devido à localização na barra sul da cidade.

Em nota, a Secretaria de Planejamento Urbano de Balneário Camboriú afirmou que que a aprovação do edifício Senna Tower teve o seu EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança) formado por uma comissão especial e baseado na lei que regulamenta o uso e a ocupação de solo, além das atividades de urbanização na cidade.

“A sombra, de acordo com os estudos realizados, ocorre em uma parte da faixa de areia, a partir das 17h no verão, devido à incidência solar, com a sombra projetada na horizontal, em direção a barra sul. No inverno essa sombra não ocorre”, declarou a secretaria.

O estudo, no entanto, indica que a incidência de sombra na praia ocorre a partir das 14h em alguns períodos do ano.

O estudo de sombreamento consta no EIV, apresentado à prefeitura. O documento é de abril de 2022 e foi feito por uma empresa terceirizada contratada pela FG.

O documento afirma que já existe sombra atualmente a partir das 15h, em decorrência dos prédios atuais da orla. Mas o EIV aponta que a nova construção “ultrapassará em altura todos os demais edifícios da região, e por consequência terá a maior projeção de sombreamento que afetará a praia Central”

A análise foi feita em três situações diferentes. O estudo aponta que no solstício de verão —quando o hemisfério sul está mais voltado para o Sol— a sombra gerada pelo prédio chega à praia às 14h, mas ainda não alcança o mar. Já na simulação das 15h, a sombra chega até o mar e avança pela água.

Em nota à reportagem, a construtora afirmou que o empreendimento fica na barra sul, “o que minimiza ao máximo potenciais impactos em relação à sombra na praia”. O local é uma região da cidade localizada entre o mar e o rio Camboriú, mais próxima do morro da Aguada.

Segundo a FG, os laudos apresentados no estudo comprovam que a sombra será por um “curto período de tempo.”

“Ainda segundo o EIV é possível comprovar que o Senna Tower não irá impactar mais do que qualquer outro edifício já existente na orla. O que consta no EIV é uma curva da incidência do sol em toda a orla e não especificamente que o empreendimento irá gerar sombra às 14h. Ou seja, ele não modifica em nada o contexto já existente e aceito do centro urbano”, disse a construtora.

Ainda segundo o comunicado, a empresa afirmou que tem “forte compromisso com a sustentabilidade”, o que também é seguido pela cidade “pensando na máxima preservação de áreas intocadas e assim permitindo a ocupação em zonas já completamente consolidadas”.

Em abril de 2022, a CEIV (Comissão Especial de Análise de Estudo de Impacto de Vizinhança) da cidade emitiu parecer favorável ao projeto.

Sete meses depois, em outubro, foi a vez do IMA (Instituto do Meio Ambiente), órgão estadual, liberar a licença ambiental de implantação. Já em julho de 2024, o projeto foi aprovado pela prefeitura.

Na cidade, o Plano Diretor não prevê altura máxima dos prédios na frente do mar, segundo o arquiteto Enio Faqueti, que participou da elaboração do documento aprovado em 2008.

Porém, há limitação em relação ao tamanho das unidades: nos prédios localizados na frente do mar, um apartamento precisa ter área mínima privativa de cem metros quadrados.

Na época das discussões do Plano Diretor, que duraram cerca de dois anos, a ocupação da praia central já estava consolidada, com muitos prédios já fazendo sombra na praia, de acordo com Faqueti.

“O sombreamento já vem há muitos, desde a década de 1970, quando se começou a fazer os primeiros edifícios e isso só foi aumentando na altura e comprometendo a praia”, explicou o arquiteto.

HYGINO VASCONCELLOS / Folhapress

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