Se depender das autoridades médicas, a volta do comércio em Ribeirão Preto terá que esperar. Segundo resultado de uma pesquisa realizada pelo Hospital das Clínicas na cidade, apenas 1,2% da população da cidade já foi exposta ao vírus causador da Covid-19. Com um índice tão baixo, o risco de afrouxamento das medidas de isolamento poderia causar, segundo os médios, o caos na rede de saúde da cidade.
Segundo a pesquisa, 8.305 pessoas já foram infectadas pela Covid-19 na cidade, se o percentual de infecção for aplicado sobre a população da cidade, estimada em 700 mil habitantes. O levantamento foi feito seguindo a metodologia científica, com testes em habitantes de todas as regiões da cidade.
O relatório da pesquisa informa que a infecção pelo coronavírus na população é “muito baixa e que a doença ainda não circulou amplamente pela cidade”, sendo resultado direto “das medidas preventivas implementadas até o momento, o que é em si, positivo”.
Ainda assim, medidas de relaxamento da quarentena foram desaconselhadas pelos especialistas. O estudo “indica a existência de grande parte da população ainda susceptível ao vírus, o que requer cautela no relaxamento das medidas preventivas”, relata.
Dados
Foram realizados 709 testes, dos quais apenas um mostrou que a pessoa era portadora do Covid-19 no momento em que foi testada. As demais já tinham tido contato anterior com o coronavírus e estavam curadas, não tendo apresentado os sintomas.
Sandro Scarpelini, secretário de Saúde de Ribeirão, participou da reunião e admitiu que o estudo sugere que, no momento, uma flexibilização do isolamento social pode causar problemas para a rede de saúde municipal.
Benedito Maciel, superintentende do Hospital das Clínicas, afirma que o debate sobre a flexibilização pode ser precipitado. “Em todos os países do mundo, exceto Brasil e Estados Unidos, começa-se a discutir a flexibilização quando já houve a chegada no pico e os casos estão descendentes. Certamente não é o caso do Brasil, e isso torna as coisas muito complicadas”, informou.
Já o infectologista Luiz Fernando Baquero, qualquer debate sobre a flexibilização pode causar danos irreparáveis ao sistema de saúde da cidade. “Isso significa que não é possível qualquer flexibilização, como se está programando. Se houver flexibilização, haverá o caos no sistema de saúde”, garante o especialista.