SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A transformação da Flórida, que já foi considerada um estado-pêndulo, em um bastião do Partido Republicano se aprofundou nesta eleição. Donald Trump venceu por lá com uma vantagem de um ponto percentual em 2016 e quatro pontos percentuais em 2020. No pleito atual, o republicano levou os 30 votos do Colégio Eleitoral do estado com folga de 13 pontos percentuais sobre a democrata Kamala Harris.
Além disso, segundo o jornal The New York Times, todos os condados da Flórida votaram mais à direita na comparação com 2020. Por fim, em uma vitória do governador, o republicano Ron DeSantis, os eleitores rejeitaram um plebiscito que protegeria o direito ao aborto na Constituição estadual e outro que legalizaria a maconha.
Na disputa presidencial, Trump tinha 56% dos votos na Flórida, contra 43% de Kamala, com mais de 95% das urnas apuradas. A última derrota de um candidato republicano no estado ocorreu em 2012, quando Mitt Romney foi superado por Barack Obama. Nos dois pleitos seguintes, Trump superou Hillary Clinton e Joe Biden na região.
Na corrida atual, Trump fez novamente da Flórida uma espécie de bastião republicano. O empresário é dono de um resort de luxo em Palm Beach, região onde votou nesta terça. Depois, ao falar com jornalistas, disse que seria o primeiro a reconhecer uma eventual derrota “se a eleição for justa”.
Em comícios, o ex-presidente insistiu em acusações sem provas e afirmou que só perderia a eleição em caso de fraude do Partido Democrata, indicando que poderia questionar o resultado do pleito.
Depois de dar as declarações, Trump seguiu para o seu resort. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acompanhava a votação junto com Trump. Segundo a Folha apurou, havia um salão de jantar para cerca de 60 pessoas, com placas com os nomes dos convidados, incluindo do bilionário Elon Musk e do deputado republicano Matt Gaetz.
Alvo de um atentado em julho ocorrido na Pensilvânia, Trump foi alvo de uma segunda tentativa de assassinato na Flórida, em setembro. Na ocasião, o republicano estava em um clube de golfe e teve de ser retirado às pressas após disparos com arma ele não ficou ferido, e o atirador foi preso.
Nos dias seguintes a Flórida voltou ao centro do noticiário depois de ser atingida por furacões: o Helene e o Milton, que provocaram mortes e destruição.
Em um país onde o voto não é obrigatório, a primeira preocupação era com o impacto dos desastres na participação eleitoral o temor era de que, diante das dificuldades enfrentadas pelos atingidos diretamente, as pessoas deixem de votar. A campanha de Trump, aparentemente, sofreu menos impactos.
RENAN MARRA / Folhapress