SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O que esperar do “Maganomics” e os efeitos nos mercados com a volta de Trump ao poder e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (6).
**O QUE ESPERAR DO MAGANOMICS**
Uma eleição nos EUA, maior economia do mundo, sempre mexe com os mercados internacionais. Quando o pleito tem como vencedor Donald Trump, o impacto e o nervosismo gerados são ainda maiores.
A tensa disputa pela Casa Branca movimentou títulos, ações e ativos nos últimos meses. A vitória de Trump decretada nesta quarta (6) teve implicações imediatas no mercado.
O que sobe:
– Ações da Tesla tiveram alta de 12% nas negociações pré-mercado. O dono da empresa, Elon Musk, foi um dos apoiadores do republicano.
– Bancos dos EUA: ações em Frankfurt do Goldman Sachs, JPMorgan e Morgan Stanley subiram entre 8 e 9%, na expectativa por cortes de impostos e desregulamentação.
O que desce:
– Empresas de energia renovável na Europa caíram, em meio a temores de que Trump pudesse paralisar o setor.
– O fabricante dinamarquês de turbinas eólicas Ørsted, o maior do mundo, teve queda de 14% nas negociações iniciais. O rival dinamarquês Vestas caiu 10%.
É a economia A famosa frase que já virou jargão para falar sobre eleições mundo afora está mais atual do que nunca. Pesquisas para o pleito deste ano apontam que eleitores votaram com uma mão na consciência e a outra no bolso.
9 em cada 10 eleitores dizem que a posição dos candidatos nessa área é “extremamente importante” ou “muito importante”;
É o maior nível desde a recessão de 2008, segundo pesquisa da Gallup.
O QUE ESPERAR
Investidores e analistas fizeram apostas com base nos planos e nas declarações de Trump. O cenários foi batizado Maganomics (sigla do slogan trumpista Make America Great Again + economia em inglês).
O que ele promete: cortes adicionais de impostos, desregulamentação ambiciosa, altas tarifas, redução dos gastos federais, expansão da produção de combustíveis fósseis e restrição de iniciativas ambientais.
Em 2016, Trump transformou perdas no mercado de ações em ganhos e estabeleceu uma narrativa econômica que o serviu bem desde então, analisa Mohamed El-Erian, presidente do Queens’ College, em Cambridge.
E AQUI?
A tendência de maior protecionismo e cerco a importados nos EUA deve atrapalhar o Brasil, segundo analistas ouvidos pela Folha. Trump quer impor mais tarifas sobre a China e até aliados.
E o dólar… Deve subir, segundo analistas.
**ABELHAS NO CAMINHO**
A Meta não vai poder construir um centro de dados de inteligência artificial movido à energia nuclear nos Estados Unidos pois abelhas raras foram descobertas no terreno onde o projeto seria instalado.
ENTENDA
Uma consulta de IA consome até 10 vezes a energia de uma pesquisa padrão do Google, o que faz com que a energia nuclear seja vista como uma forma de obter combustível estável e contínuo às big techs, como a empresa de Mark Zuckerberg.
A fonte energética é essencialmente livre da emissão de carbono e capaz de fornecer eletricidade 24 horas por dia.
DESFALQUE
O revés da Meta ocorre após rivais fecharem acordos com operadores de usinas nucleares para atender à crescente demanda de energia dos centros de dados.
↳ A Microsoft anunciou que reviveria a usina desativada em Three Mile Island, Pensilvânia (EUA).
↳ A Amazon pagou US$ 650 milhões em março para colocar um centro de dados ao lado da usina Susquehanna Steam Electric, também na Pensilvânia.
↳ Google anunciou a encomenda de seis a sete pequenos reatores nucleares da startup americana Kairos Power.
SIM, MAS…
Centros de energia nuclear têm altos custos iniciais e levam muito tempo para serem construídos.
A indústria no Ocidente historicamente dependeu da Rússia para o combustível.
Críticos alertam ainda sobre os riscos do acúmulo de resíduos radioativos, que devem ser armazenados com segurança para não prejudicar humanos e o meio ambiente.
CONTRA A PAREDE
Zuckerberg está sob pressão para provar aos investidores que sua aposta total em IA dará frutos, já que os gastos da empresa na tecnologia só aumentam.
O empresário teria dito em uma reunião geral que, se o acordo tivesse avançado, a Meta teria sido a primeira big tech a usar IA movida a energia nuclear.
O dono da Meta estaria frustrado com a falta de opções nos EUA, enquanto a China tem adotado o combustível.
**BONS ARES PARA SE VIVER**
Os argentinos têm a cidade da América Latina com o maior índice de habitabilidade: Buenos Aires. É o que aponta a pesquisa da EIU, braço do The Economist, que considerou 173 metrópoles do mundo.
ENTENDA
A pesquisa anual foi criada para ajudar empresas a calcular subsídios de dificuldade ao realocar seus funcionários pelos países.
Ela avalia os lugares a partir de cinco quesitos: estabilidade; saúde; cultura e meio ambiente; educação; e infraestrutura.
CAMPEÃ
A capital da Argentina ocupa o 73º no índice geral, medido em um espectro entre 44 e 83 pontos, e fica em primeiro lugar (82,8) na América Latina.
Outras cidades consideradas mais habitáveis são Montevidéu (81,2), capital do Uruguai, e Santiago (80,8), do Chile.
POR QUE IMPORTA
As cidades mais bem classificadas da América Latina têm vivido seus próprios surtos migratórios nos últimos anos, explica a Economist.
A migração na região tem crescido em um ritmo mais rápido do que a emigração para países mais desenvolvidos.
Isso é amplamente impulsionado por venezuelanos fugindo da turbulência política e econômica do próprio país.
Caracas, a capital da Venezuela, ocupa o 164º lugar no mundo, marcando apenas meio ponto acima de Kiev, capital da Ucrânia, que está no coração de uma zona de guerra.
SIM, MAS…
A Argentina não parece estar garantindo um bom momento para seus habitantes. Apesar do controle da inflação, o país, governado por Javier Milei, atravessa um momento bastante difícil.
No primeiro semestre do ano, o país registou o seu pior salto na pobreza em duas décadas, com mais de metade da população em situação de pobreza (quase 53%).
O consumo despencou e o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 3,4% em comparação com o primeiro semestre do ano anterior.
E o Brasil? O país aparece no índice de habitabilidade em uma zona intermediária, sendo representado pelas capitais Manaus (62,5), Rio de Janeiro (69,3) e São Paulo (70,2).
QUERIDINHAS DA AMÉRICA
O Canadá, na América do Norte, é o principal destino para migrantes.
Os pontos fortes são seus serviços públicos, como saúde e educação. O país também é mais estável politicamente e tem menos violência do que os EUA.
O estudo aponta que, em média, as cidades da América Latina pontuam 23 pontos a menos do que as da América do Norte.
**UMA TURBULÊNCIA A MENOS**
A Boeing, que vive uma crise, agora tem uma questão a menos com que se preocupar.
Os trabalhadores aceitaram a proposta da fabricante de aviões e encerraram uma paralisação que durou quase dois meses.
A decisão provocará o retorno ao trabalho de quase 33 mil funcionários e a retomada da produção de aeronaves.
POR QUE IMPORTA
Foi a greve mais cara do século nos Estados Unidos, de acordo com o Anderson Economic Group.
O impacto indireto foi de mais de US$ 11,56 bilhões (R$ 66 bilhões) desde o dia 13 de setembro.
O acordo definiu um aumento salarial de 38% ao longo de quatro anos, bônus de US$ 12 mil e contribuições para aposentadoria e assistência médica.
O tamanho do rombo. A Boeing informou um prejuízo de US$ 6,2 bilhões (R$ 35,5 bilhões) no terceiro trimestre deste ano e tenta superar dificuldades financeiras.
Os esforços incluem o corte de 17 mil empregos, cerca de 10% da força de trabalho, anunciado pelo CEO Kelly Ortberg durante a greve.
O que ele disse:
A Boeing precisa “reajustar níveis de força de trabalho para alinhar com nossa realidade financeira e um conjunto mais focado de prioridades.
“Os últimos meses foram difíceis para todos nós, mas agora fazemos parte da mesma equipe”, falou após o fim da paralisação.
Em meio à reformulação A Boeing desfez seu departamento global de diversidade, equidade e inclusão.
Grandes empresas americanas enfrentam um aumento da pressão de ativistas conservadores para desmantelar ou minimizar seus esforços em diversidade.
A fabricante de aviões estava próxima da meta de aumentar as vagas para pessoas negras em 20% até 2025, estabelecida após a morte de George Floyd em 2020.
Em 2023, chegou ao patamar de 17%.
O desmantelamento do departamento coloca em questão o futuro de seus programas existentes para promover mais diversidade entre sua força de trabalho.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
IA
‘Entrevista’ com vencedora do Nobel morta expõe armadilhas da IA. Rádio polonesa usou IA para criar apresentadores e simular conversa, em um experimento amplamente criticado pela comunidade local.
INSS
Ministro do STF convoca Lula a se manifestar sobre revisão da vida toda. Nunes Marques intimou ainda presidentes da Câmara e do Senado em novo pedido de recurso no caso.
123MILHAS
Consumidores da 123milhas não têm garantia de receber valor integral, diz defensoria. Clientes precisarão esperar plano de recuperação judicial; empresa poderá propor parcelamento e desconto.
ORÇAMENTO 2025
Orçamento de 2025 não tem dinheiro para Censo Agro nem Contagem da População. Governo quer financiar pesquisa sobre agricultura com emendas parlamentares; ex-presidente do IBGE vê ‘erro estratégico’.
GRIPE AVIÁRIA
Gripe aviária avança e agora atinge suínos nos Estados Unidos
Com retorno em 2022 nas granjas comerciais, a doença já atingiu aves e bovinos
Redação / Folhapress