Aaluna Raíssa Bispo, graduanda em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP foi uma das selecionadas para participar do projeto Caminhos Amefricanos: Programa de Intercâmbio Sul-Sul, promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em parceria com o Ministério da Igualdade Racial, entre os dias 2 e 16/12.
O projeto oferece oportunidades para estudantes de graduação e professores formados para realizarem atividades de pesquisa e desenvolvimento acadêmico em universidades de países parceiros. Além disso, segundo Raíssa, “o programa Caminhos Amefricanos visa estimular a produção de pesquisas, o desenvolvimento científico e tecnológico e combater o racismo no Brasil, além de produzir e socializar conhecimentos construídos em cooperação com países africanos, latino-americanos e caribenhos”.
Única aluna da USP a participar do projeto, Raíssa foi uma entre 50 estudantes negros de licenciatura que pesquisam relações étnico-raciais, público-alvo do edital, selecionados para participar e que terão a chance de aprofundar seus estudos em questões relacionadas à educação, história, cultura e sociedade africanas, na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), em Praia, capital do arquipélago.
A graduanda conta que, em 2023, realizou uma pesquisa de iniciação científica por meio do Programa Unificado de Bolsas da USP (PUB). “O trabalho realizado em parceria com a graduanda Lidian Gabriela Baldoino Plez, com orientação da professora Kátia de Souza Amorim, intitulado 20 anos da Lei 10.639/2003: A formação inicial de professores em relações étnico-raciais nos cursos de Pedagogia, teve como objetivo mapear e verificar se e como as relações étnico-raciais estão sendo abordadas nas disciplinas dos cursos de Pedagogia públicos em nível nacional, em conformidade com as leis 10.639/03 e 11.645/08.” As leis mencionadas por Raíssa estabelecem a obrigatoriedade do ensino da História e da Cultura Africana, Afro-Brasileira e Indígena no Ensino Básico. O trabalho de Raíssa contribuiu para que fosse escolhida para participar do programa.
Raíssa diz ainda que, durante o intercâmbio, vai investigar a presença de discussões sobre a inserção da temática étnico-racial no ensino básico cabo-verdiano e se as discussões são inspiradas, de alguma forma, pela Lei 10.639/03 ou pelas reivindicações brasileiras no âmbito étnico-racial da educação, considerando que as relações diplomáticas Sul-Sul são constantes entre Brasil e Cabo-Verde.
Programa Caminhos Amefricanos
O projeto oferece oportunidades para estudantes de graduação e professores formados realizarem atividades de pesquisa e desenvolvimento acadêmico em universidades de países parceiros, fortalecendo a troca de conhecimentos e experiências culturais entre essas regiões. Em 2024, os estudantes serão enviados para Cabo Verde e os professores para a Colômbia.
Visando promover a cooperação acadêmica entre países do Sul Global, com foco em nações africanas e afrodescendentes da América Latina e Caribe, o programa contribui para o combate e a superação do racismo no Brasil.
A iniciativa da Capes integra o Plano Nacional de Cooperação Acadêmica Sul-Sul e a seleção dos bolsistas é realizada com base no mérito acadêmico, levando em consideração o potencial de impacto dos estudantes em suas áreas de estudo e o alinhamento de seus projetos de pesquisa com os temas propostos pelo programa.
Apesar do edital custear as passagens para os intercambistas selecionados e dispor uma quantia para as diárias de permanência das duas semanas de intercâmbio, existem outros gastos pré-viagem para os participantes. Para ajudar a custeá-los, Raíssa está promovendo uma vaquinha nas redes sociais para levantar o dinheiro necessário. Mais informações podem ser obtidas no Instagram @raissaemcaboverde.
**Por Jornal da USP