Governo Lula teme bolsonarismo empoderado com Trump e possível influência de Musk

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A vitória de Donald Trump para mais um mandato na Casa Branca é visto pelo governo Lula (PT) não só como um tema de relações internacionais, mas um potencial problema de política interna com reflexos para a eleição nacional de 2026.

Auxiliares de Lula avaliam que o fortalecimento de Trump nos EUA —ele derrotou Kamala Harris e seu partido confirmou a retomada do controle do Senado— deve energizar o bolsonarismo no Brasil.

Também há receio pelo possível impacto no Judiciário, uma vez que o bilionário Elon Musk, apontado como uma das pessoas que terá forte influência na próxima administração americana, protagonizou neste ano uma rixa pública com o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um entusiasta de Trump e sempre se colocou como um admirador fiel do republicano, mesmo no período em que ele esteve fora do poder.

Ainda na madrugada desta quarta-feira (6), apressou-se a parabenizar Trump. Chamou o republicano de um verdadeira guerreiro ressurgido, alvo do que ele chamou de injustificável perseguição eleitoral.

Para além dos elogios públicos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente brasileiro, realizou nos últimos anos viagens aos EUA para projetar proximidade com pessoas do entorno do agora presidente eleito americano, principalmente com membros da família Trump.

No pleito desta terça (5) não foi diferente. Eduardo publicou uma foto ao lado de Donald Trump Jr., filho do magnata, e vídeos de Trump durante a apuração no resort de Mar-a-Lago, na Flórida.

Uma das principais preocupações do governo Lula é que Bolsonaro consiga usar essas conexões com Trump para convencê-lo a olhar a relação com o Brasil a partir de uma perspectiva ideológica e não pragmática.

Nessa lógica, gerou apreensão entre auxiliares de Lula quando políticos americanos partidários de Trump denunciaram, no meio deste ano, o que consideram perseguição e censura do STF contra bolsonaristas.

Em abril, por exemplo, uma comissão do Congresso dos EUA publicou uma série de despachos sigilosos de Moraes sobre a suspensão ou remoção de perfis nas redes sociais. A divulgação ocorreu para ecoar a retórica bolsonarista e de Musk de que Moraes estava praticando censura contra a oposição a Lula.

O diagnóstico é que a renovação desse tipo de ofensiva, agora com o apoio da Casa Branca, pode energizar bolsonaristas em pleitos como os pedidos de anistia para Bolsonaro e a defesa do impeachment de Moraes —mesmo que não haja resultado prático, há forte potencial de desestabilização.

Moraes e Musk protagonizaram uma disputa pública que culminou com a suspensão da rede social X no Brasil durante pouco mais de um mês. A razão foram sucessivos descumprimentos pela rede social de determinações do STF sobre a retirada de conteúdos da plataforma.

Musk chegou a chamar Moraes de ditador do Brasil e a dizer que ele matinha Lula em uma coleira.

Apesar do apoio declarado à democrata, o presidente parabenizou nesta manhã Trump por sua vitória, e falou em “trabalho junto” com os Estados Unidos.

“Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo”, afirmou.

RICARDO DELLA COLETTA E MARIANNA HOLANDA / Folhapress

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