SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sarah McBride, 34, é a primeira pessoa transgênero a ser eleita, na história dos Estados Unidos, para uma vaga na Câmara dos Representantes. De acordo com a apuração da eleição realizada na terça (5), ela vai representar seu estado natal, Delaware.
Atualmente, além de senadora estadual, ela exerce a função de secretária Nacional de Imprensa na Human Rights Campaign, grupo de defesa dos direitos da população LGBTQIA+ nos EUA.
A democrata obteve 57% dos votos ante o republicano John Whalen 3º, que somou 42%. McBride era favorita no duelo, tendo arrecadado mais de US$ 3,5 milhões (quase R$ 20 milhões) em sua campanha. Whalen 3º amealhou um total de US$ 7.000 (aproximadamente R$ 40.000).
Em entrevista à agencia Reuters antes da eleição ela ressaltou o caráter histórico de sua campanha. “Sempre que você é primeira, muitas vezes tem que tentar ser a melhor versão que pode,” disse, reconhecendo que o pioneirismo implica “responsabilidades adicionais”. “Mas nenhuma delas importa se eu não cumprir a responsabilidade de ser apenas a melhor integrante do Congresso que posso ser para Delaware.”
Sua eleição, há quatro anos, como senadora também teve um caráter inédito. No mandato, McBride teve de enfrentar uma conjuntura hostil aos direitos da população LGBTQIA+. No ano de 2023, legisladores de 37 estados introduziram 142 projetos de lei para restringir o atendimento de saúde para ajudar pacientes no processo de transição de gênero. O número foi quatro vezes maior do que no ano anterior.
McBride se aproximou da política institucional no governo de Barack Obama, quando iniciou um estágio na Casa Branca, em 2012. Quatro anos depois, se tornou a primeira pessoa trans a discursar em uma convenção de um partido político nacional, nos Estados Unidos.
“Acho que meus apoiadores sabem que estou pessoalmente envolvida em garantir igualdade para as pessoas LGBTQIA+, mas as prioridades são direitos reprodutivos, saúde e a criação de creches”, afirmou, há duas semanas, ao canal de TV CBS.
Nascida na cidade de Wilmington, a deputada eleita é filha de um advogado e de uma orientadora educacional. Em 2011, a democrata se reconheceu como mulher trans, se casando, três anos depois, com Andrew Cray, um homem trans. Em estado terminal, ele morreria em decorrência de um câncer, dias depois do casamento. Em 2013, a democrata formou-se na American University, na cidade de Washington, onde estudou gestão pública.
No X, o antigo Twitter, a parlamentar publicou uma mensagem de agradecimento aos eleitores. “Obrigado, Delaware! Graças aos seus votos e aos seus valores, tenho orgulho de ser sua próxima representante no Congresso. Delaware deixou uma mensagem clara e alta: precisamos ser um país que protege a liberdade reprodutiva, que garante licença remunerada e cuidados infantis acessíveis para todas as famílias, que assegura moradia e saúde para todos e que mantém uma democracia inclusiva para todos nós”, escreveu.
GUSTAVO ZEITEL / Folhapress