LONDRES, REINO UNIDO (UOL/FOLHAPRESS) – Quando Franco Colapinto foi anunciado como substituto de Logan Sargeant na Williams no GP da Itália, no início de setembro, muita gente se surpreendeu. Afinal, ele teve alguns bons momentos na F3 ano passado e também na F2 neste ano, mas daí a ser cotado para uma vaga na F1 parecia um exagero. Houve até quem quisesse justificar sua escolha somente citando os patrocinadores que estava trazendo para a equipe.
Até que o argentino de 21 anos começou a andar na frente do companheiro Alex Albon. Pontuou nas suas duas primeiras corridas. E logo foi mostrando sua personalidade expansiva e brincalhona nas entrevistas, e impressionando os engenheiros com seu conhecimento técnico.
Chega o GP da Cidade do México, sua quinta corrida na Fórmula 1, e Albon já está falando em copiar o acerto do carro do argentino. Ele, também, começa a errar mais do que o normal, mostrando que está tendo que andar mais no limite para não perder para o companheiro.
Não demorou para a Red Bull ficar de olho. “Estamos sempre observando as oportunidades do mercado”, disse o chefe da equipe, Christian Horner, após o GP de São Paulo. “Franco é um talento.”
A Red Bull tem duas equipes na Fórmula 1. Na principal, Max Verstappen e Sergio Perez estão sob contrato. Mas a falta de resultados do mexicano, que é oitavo colocado no campeonato e tem menos da metade dos pontos do holandês, está custando muito caro à equipe, que é atualmente terceira no mundial de construtores.
Foi para avaliar Liam Lawson para o lugar de Perez que a Red Bull dispensou Daniel Ricciardo após o GP de Singapura, mas a ascensão de Colapinto também passou a chamar a atenção de Horner. Além do que, eles também precisariam completar a dupla de sua segunda equipe, a RB, caso o neozelandês fosse para a Red Bull.
Lawson e Colapinto estão mostrando o mesmo tipo de qualidade: rápida adaptação, velocidade e também um temperamento forte e seguro, algo que a chefia da Red Bull vê como fundamental para quem quiser enfrentar um dos maiores pilotos da história da F1 na mesma equipe. Por isso, a sondagem não seria simplesmente para a possível vaga da RB mas, sim, para o time principal.
Para isso, a Red Bull precisaria colocar a mão no bolso, ou convencer os patrocinadores de Colapinto a colocar a mão no bolso, para conseguir uma liberação, seja por empréstimo, seja em definitivo.
Isso porque a situação de Colapinto é diferente daquela que Gabriel Bortoleto viveu nas últimas semanas. O brasileiro tinha um contrato de um ano com a McLaren, que poderia ser renovado pelo time, efetivamente fechando as portas para que ele se tornasse titular. O argentino, por sua vez, tem um contrato assinado com a Williams para o ano que vem.
No time inglês, ele ficaria como reserva, já que eles também têm sob contrato Alex Albon e Carlos Sainz. A parte curiosa dessa história é que Sainz demorou para fechar com a Williams justamente esperando por uma vaga na Red Bull, mas não para ser companheiro de Verstappen, até porque foi a disputa interna de poder com o holandês que o tirou da família Red Bull no final de 2015.
Do lado da Williams, até por saber que Sainz fechou com o time mais por não ver outras alternativas melhores do que por acreditar no projeto, não seria o caso de liberar Colapinto facilmente.
“Estamos trabalhando ativamente com equipes que estão interessadas para tentar encontrar o melhor arranjo que ajude Franco, proteja Franco também e proteja todas as partes. Nunca é simples a negociação entre equipes porque você está disputando na pista e está tentando encontrar uma solução para a carreira de um jovem”, disse o chefe da Williams, James Vowles.
Note que Vowles usa o plural “times interessados”. A outra equipe seria a Alpine, que não conseguiu atrair Sainz e acabou fechando com o novato Jack Doohan. Contratado no meio do ano para arrumar a casa no time francês, Flavio Briatore não é de deixar escapar oportunidades, e está vendo a injeção de performance, patrocínio e interesse que Colapinto está dando na Williams.
JULIANNE CERASOLI / Folhapress