SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Manifestantes voltaram a protestar na manhã desta sexta-feira (8) contra o corte de árvores para a construção de um túnel na Vila Mariana, zona sul de SP, que interligará as avenidas Sena Madureira e Ricardo Jafet.
Os manifestantes afirmam que desde as 5h30 agentes da gestão Ricardo Nunes (MDB) estão no local fazendo cortes de árvores. Eles tentam impedir o trabalho com palavras de ordem e faixas e cartazes contra os cortes.
O ato é acompanho de agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana).
Na tarde desta quinta-feira (7), em outro protesto no local, a vereadora eleita Renata Falzoni (PSB) chegou a ser carregada por cinco GCMs que a seguraram pelas pernas e pelos braços após ela se recusar a soltar a árvore a qual estava agarrada.
Falzoni, afirma que passou a sentir dores musculares na perna depois de ser retirada à força do local. Ela conta que ficou no chão caída, retida pelos GCMs. “Quando eu tentava levantar, me faziam deitar de novo”, diz.
“Não tenho palavras para descrever, dá vontade de chorar ao ver as árvores cortadas”, afirma. Segundo ela, ao menos 15 árvores foram retiradas nesta quinta-feira.
“Aqui é um corredor verde e de fauna que liga os parques Ibirapuera e Aclimação.”
Em nota, a GCM diz que acompanhou uma manifestação na região da rua Sena Madureira e que os agentes orientaram os manifestantes a se afastarem do local onde acontecia o corte de árvores autorizado pela prefeitura para a obra do Túnel Sena Madureira.
O Ministério Público de São Paulo emitiu um documento, na tarde desta quinta, para que a gestão do prefeito Ricardo Nunes “paralise, imediatamente, as obras” do sistema de interligação da rua Sena Madureira com a avenida Ricardo Jafet (zona sul).
No documento, os promotores Moacir Tomani Junior (de habitação e urbanismo) e Carlos Henrique Prestes Camargo (de meio ambiente) dizem que a retomada da obra ocorreu de forma abrupta e afetando a população.
“Seja pela perturbação sonora, pelos danos estruturais a muros, seja pelos riscos de movimentação de terras para tamponamento do córrego Emboaçu, seja pelos riscos de deslizamentos, seja pela supressão de grande número de árvores, seja pelos sérios incômodos que vem causando à população que reside em comunidades ao final das obras, há necessidade de melhor investigação, e consequente, paralisação imediata das obras”, justificam os promotores.
Procurada pela reportagem nesta quinta, a prefeitura não se manifestou após a recomendação do Ministério Público. Na semana passada, após abertura de um inquérito, a gestão Nunes afirmou que “o túnel Sena Madureira beneficiará mais de 800 mil pessoas que circulam na região diariamente”.
A Folha de S.Paulo voltou a procurar a administração nesta manhã, mas não houve resposta até a publicação deste texto.
Para fazer a ligação entre a rua Sena Madureira e a avenida Ricardo Jafet, serão construídos dois túneis que, juntos, somam 1,6 km de extensão. A Álya Construtora, antiga Queiroz Galvão, conduz a intervenção.
A reportagem também pediu esclarecimentos para empresa, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress