Como é a D23, feira para fãs gastões da Disney que estreia no Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quando a CCXP, a Comic Con Experience, estreou em São Paulo há dez anos, ficou claro para o mercado que o país tinha um público nerd ávido por feiras de cultura pop, disposto a gastar rios de dinheiro para ver ídolos de perto ou preencher as prateleiras de colecionáveis.

Não demorou muito para cópias –e fraudes– aparecerem, e até para grandes estúdios hollywoodianos pedirem sua fatia do bolo. Depois de a Netflix divulgar seus filmes e séries no Tudum, chegou a vez de a Disney canalizar a energia do público brasileiro com a D23 Expo, entre esta sexta-feira (8) e domingo (10).

Feira de cultura pop voltada para os fãs das marcas da empresa, a D23 Expo acontece na Califórnia desde 2009. Já ganhou edições no Japão e, agora, pela primeira vez, decidiu visitar o Brasil.

Por três dias, o evento ocupa o Transamérica Expo, em São Paulo, com ativações, distribuição de brindes, lojas, oportunidades de fotos, encontros com personagens, lançamento de trailers e painéis sobre estreias futuras –num auditório para 2.500 pessoas que vai receber nomes como Rami Malek, o diretor Barry Jenkins e Anthony Mackie, o novo Capitão América.

Quase todos os braços do conglomerado de mídia serão contemplados, com programação inspirada em marcas como Walt Disney Animation, Pixar, 20th Century Studios, Marvel, Lucasfilm, ESPN e Disney+.

São 41 mil metros quadrados, pelos quais se espalham estandes temáticos da Disney, lojas e opções de alimentação. A expectativa é que 50 mil pessoas passem pelo Transamérica Expo nos três dias de programação, incluindo funcionários –a empresa não divulgou a expectativa de público pagante, que desembolsou até R$ 399,90 para entrar em cada dia.

Entre as atividades pensadas para os fãs está um circuito de obstáculos na área da Marvel, que simula um treinamento para super-heróis. Labirintos também foram montados em estandes dedicados à série “Percy Jackson e os Olimpianos” e aos filmes de “Star Wars” –neste, o fã precisa desviar de raios que simulam sabres de luz.

Na área que comemora os 30 anos de “Toy Story”, o quarto do garoto Andy serve de cenário para uma caça ao tesouro. Na de ESPN, há um chute a gol e, na do Star, uma simulação de reality de gastronomia inspirada em “O Urso”. Um barco da animação “Moana” e personagens de “Zootopia” estão entre as oportunidades de fotos.

Não é nada muito distante da CCXP, com a exceção de que toda a programação orbita o universo da Disney –e, portanto, com pouca ou nenhuma atenção a áreas como quadrinhos e games, populares na feira nerd vizinha.

E, assim como ela, o caráter comercial da D23 está em evidência. As paredes azuis do quarto de Andy, por exemplo, somem em meio ao amarelo brilhoso de um estande da Bauducco, que lançou uma linha de biscoitos com o rosto da turma do Mickey.

“Este é um presente nosso para os fãs, para eles conhecerem todas as nossas marcas”, disse Renato D’Angelo, gerente geral da Disney no Brasil, para um grupo de jornalistas e influenciadores que visitou a feira antes da abertura, na manhã desta sexta. Em Hollywood, vem se tornando cada vez mais comum trocar termos do universo cultural, como “filmes”, “séries” e “personagens”, por palavras comerciais como “marcas”, “conteúdos” e “intellectual property”.

Não à toa, a menina dos olhos do evento parece ser a loja montada em parceria com o Mercado Pago, com mil metros quadrados para abrigar cerca de mil produtos, alguns exclusivos.

“A gente tem essa ideia de trazer a magia da Disney para as pessoas [por meio desses produtos]”, disse Rodrigo de Lorenzo, chefe de design de produtos da empresa no Brasil, ao lado de um estande sobre os parques temáticos da empresa nos Estados Unidos e outro da companhia aérea Latam.

Entre os destaques há uma coleção de 23 camisetas exclusivas, que homenageiam diferentes fases do estúdio, dos anos 1970 aos atuais. Elas saem por R$ 90 cada. Pelúcias surgem aos montes nas prateleiras, em valores que vão de R$ 40 a R$ 300. Pins, canecas, livros, jogos e chaveiros completam o catálogo.

Ecoa o que a Disney fez na última CCXP, em dezembro, quando limitou sua presença, antes turbinada por estrelas internacionais, a uma loja de produtos licenciados. E com resultados, já que a fila para entrar na loja da D23, nesta sexta, era bem maior que aquelas para participar de atividades.

Ainda não há informações sobre as intenções futuras da Disney no Brasil –se a D23 quis fazer uma mera visita ou se veio para ficar. Mas os gritos e a emoção do público brasileiro ao recepcionar atores e diretores nos painéis, já evidenciados pela CCXP e o Tudum, podem formar uma estratégia de marketing poderosa para uma Hollywood em crise com seus blockbusters.

LEONARDO SANCHEZ / Folhapress

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