Ataques contra israelenses em Amsterdã aconteceram depois de dias de tensão; veja cronologia de eventos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os ataques contra israelenses nesta quinta-feira (7) em Amsterdã aconteceram depois de dias de tensão entre os torcedores do Maccabi Tel Aviv e ativistas pró-Palestina na capital da Holanda, aponta uma cronologia de eventos verificada pela agência de notícias Reuters.

Durante os confrontos, israelenses foram agredidos e perseguidos, e precisaram de escola policial para deixar o estádio onde ocorria o jogo contra o time holandês Ajax. Os ataques deixaram cinco pessoas hospitalizadas, e a polícia holandesa prendeu 63 suspeitos.

Na sexta-feira (8), Amsterdã proibiu todo tipo de protesto por três dias e deu à polícia poderes emergenciais, com a prefeita da cidade, Femke Halsema, chamando o ocorrido de ataques realizados por “esquadrões antissemitas”.

De acordo com a cronologia, as tensões começaram no dia anterior à partida quando torcedores israelenses queimaram uma bandeira da Palestina em uma praça pública, removeram outra de um prédio e vandalizaram um táxi.

Um vídeo verificado pela Reuters mostra uma pessoa vestida de preto escalando a fachada de um prédio para arrancar uma bandeira palestina, enquanto uma multidão abaixo grita xingamentos contra palestinos.

A imprensa local aponta também vídeos na quarta-feira (6) que mostravam um motorista de táxi muçulmano sendo espancado e um torcedor do Maccabi sendo empurrado em um canal após gritos antissemitas. Grupos de taxistas muçulmanos se reuniram em frente a um cassino onde 400 torcedores israelenses se encontraram, e a polícia teve que intervir para evitar um confronto.

Já no dia da partida, na quinta, torcedores do Maccabi em grandes números andaram pelas ruas de Amsterdã entoando canções contra árabes, incluindo frases como “deixe as IDF [Forças Armadas de Israel] vencerem, vamos foder os árabes”, e “vai se foder, Palestina”.

Grupos pró-Palestina holandeses organizaram um protesto em frente ao estádio durante o jogo e pediram o cancelamento da partida em razão das ações de Israel na Faixa de Gaza, onde ataques de Tel Aviv já mataram mais de 43 mil palestinos desde 7 de outubro de 2023.

Entretanto, segundo a prefeita Femke Halsema, as autoridades não cancelaram o jogo porque não havia histórico de rivalidade acirrada entre o Maccabi Tel Aviv e o Ajax –o time holandês, historicamente, tem muitos torcedores judeus e muçulmanos, e a torcida organizada disse que futebol e política deveriam permanecer separados. A seleção e os clubes israelenses competem em torneios organizados pela Uefa desde a década de 1990, quando o país foi expulso da AFC, do Oriente Médio.

Por volta das 23 horas da quinta, horário local, os torcedores israelenses começaram a sair do estádio e viraram alvo de agressão e perseguição no centro de Amsterdã. A polícia, preparada para dispersar um protesto ou brigas de torcida, não conseguiu reagir a pequenos grupos de pessoas que atacavam israelenses e fugiam de moto logo em seguida.

As autoridades reuniram cerca de 200 torcedores na praça central da cidade e os escoltaram de volta a seus hotéis, mas muitos outros sofreram agressões. Vídeos verificados pela Reuters mostram israelenses sendo espancados e alvo de rojões, enquanto um dos agressores diz: “A Palestina é assim, filho da puta, agora você sabe como é”.

Um veículo holandês também mostrou vídeos de torcedores do Maccabi Tel Aviv usando paus, canos e pedras para atacar os agressores.

No sábado, o primeiro-ministro da Holanda, Dick Schoof, anunciou que não viajará ao Azerbaijão para a COP 29, a conferência do clima da ONU, em meio às investigações sobre os ataques, que classificou de antissemitas.

Redação / Folhapress

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