SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Secretaria de Estado de Saúde do Rio Janeiro ainda avalia se vai refazer os exames de sangue de todos os pacientes que passaram por atendimento no laboratório PSC Lab Saleme, responsável pela emissão de falsos testes negativos para HIV que resultaram na contaminação de seis pacientes que receberam órgãos transplantados.
Em outubro, o Ministério Público recomendou que a pasta fizesse novos exames de sorologia de todos os pacientes atendidos pelo laboratório e apresentasse um “plano concreto” em até dez dias.
Procurada, a secretaria afirma ter feito novos exames com os receptores de órgãos “por garantia de segurança” e que, até agora, não foram identificados novos infectados.
Sobre a recomendação da Promotoria, a secretaria diz que avalia ampliar os testes a pacientes que buscaram o laboratório para outros exames. “A SES-RJ estuda internamente a viabilidade de ampliar a testagem para demais pacientes”, afirma, em nota.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, também recomendou, em outubro, que novos testes fossem feitos. Questionada, a secretaria fluminense não revela o número total de pacientes que poderão ser submetidos a novos testes de amostras.
Ainda em outubro, análises do Hemorio (Instituto Estadual de Hematologia do Rio de Janeiro) não encontraram irregularidades em 288 testes feitos pelo PCS Lab Saleme. Na ocasião, a Secretaria de Estado de Saúde anunciou uma segunda rodada de análise.
Já a Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu, onde o laboratório operava, afirma, também em nota, que já havia adotado a medida antes da recomendação do Ministério Público. Até agora, nenhum paciente do procurou o sistema de saúde do município para novos testes, diz a pasta.
Em nota, o PCS Lab Saleme afirma ter realizado “10 milhões de exames em 50 anos de experiência” e que os resultados do Hemorio apontaram resultados negativos para HIV em todas as amostras analisadas até o momento.
“O laboratório considera gravíssimos os erros de testagem, que foram pontuais e decorrentes de falhas humanas, realizados em dois exames para HIV em amostras de doadores de órgãos. Reitera, ainda, que segue colaborando com as investigações no âmbito penal e administrativo”, acrescenta.
PRISÕES
A Polícia Civil considera que o PCS Lab Saleme não cumpriu normas de testagem. Assim, dois pacientes com HIV doaram órgãos com falsos negativos para a presença do vírus, o que resultou na infecção de seis receptores à espera de um novo órgão.
A investigação resultou na prisão de seis pessoas e acusações mútuas, nos quais funcionários afirmaram que os testes eram feitos de forma inadequada para aumentar o lucro da operação. O laboratório atendia hospitais estaduais e municipais da rede básica, de urgência e centros médicos especializados.
Representantes do PCS Lab Saleme tentam costurar um acordo com as famílias mediado por Tribunal de Justiça, Ministério Público e Defensoria Pública do Rio de Janeiro.
Na última sexta (8), o STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou um habeas corpus para o empresário Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, preso desde outubro.
MARCOS CANDIDO / Folhapress