Hospital Bela Vista será fechado e Ministério Público investigará mortes de pacientes

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), anunciou o Hospital Bela Vista, na região central da capital, será fechado e que 520 funcionários serão demitidos. Durante entrevista a jornalistas, Nunes afirmou ainda que a gestão vai investigar a morte de pacientes no local.

O hospital, especializado no atendimento à população de rua, foi interditado temporariamente pela Vigilância Sanitária estadual no dia 31 de outubro. Na ocasião, o órgão disse que o edifício tinha problemas estruturais, mas uma fiscalização do Cremesp (Conselho Regional de Medicina) teria identificado que cerca de 30 pacientes morreram ali entre agosto e setembro.

Devido à situação, o Ministério Público de São Paulo iniciou uma investigação para apontar os responsáveis pelos problemas.

A Prefeitura foi questionada sobre a investigação da Promotoria, mas, sobre o assunto, não respondeu até a publicação da reportagem.

Segundo o promotor Arthur Pinto Filho, a vistoria do Cremesp apontou que alas destinadas a pacientes com tuberculose não tinham isolamento adequado, o que poderia propiciar a infecção dos demais acomodados em outras alas hospitalares.

A Promotoria disse que a inspeção também apontou problemas na divisão entre materiais sujos dos esterilizados, equipe insuficiente de especialistas e uma escala incompleta de plantonistas que, segundo o Cremesp, traria “prejuízos” à saúde dos pacientes.

“Se você coloca uma pessoa no isolamento e o ar circula para todo lado, na verdade não tem isolamento”, pontuou o promotor. O próximo passo do Ministério Público é avaliar se as cerca de 30 mortes registradas entre agosto e setembro no hospital são consideradas acima da média para um ambiente hospitalar neste intervalo, afirmou.

O Ministério também pretende definir se a responsabilidade pelos problemas é da própria Prefeitura ou da OSS (Organização Social de Saúde) contratada para geri-la.

Em entrevista, Nunes afirmou ainda que 100 pacientes estavam internados durante a interdição pela vigilância. Agora, são 16. Nem o prefeito nem a Secretaria Municipal da Saúde dão detalhes sobre para onde eles serão enviados.

“A gente não vai ter um hospital referenciado, porque é o que a gente tinha, referenciado para a defesa social. Então, eles vão ser atendidos em outros equipamentos de saúde da região”, disse.

Segundo o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado de São Paulo, a unidade hospitalar ficaria impedida de fazer novas internações e seria preciso remover pacientes internados em um prazo de 30 dias. O relatório final da inspeção ainda está sendo finalizado e também será analisado pelo Ministério Público.

Após a interdição pela vigilância, no início de novembro, a SMS (Secretaria Municipal da Saúde) havia dito, em nota, que o hospital não oferecia risco estrutural ou ambiente insalubre para pacientes e funcionários.

Agora, segundo Nunes, os funcionários serão dispensados. “É dinheiro público. Não posso ficar pagando funcionários”, afirmou. O hospital é administrado pela prefeitura em parceria com a OSS (Organização Social de Saúde) Afne (Associação Filantrópica Nova Esperança).

Este foi o segundo hospital municipal interditado pela Vigilância Sanitária em um ano. Em novembro de 2023, o Hospital Municipal Brigadeiro, no Jardim Paulista, zona oeste, também teve irregularidades encontradas pela fiscalização, como ausência de vistoria do Corpo de Bombeiros e problemas de estrutura em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e em unidades de internação.

O Hospital Municipal Bela Vista foi inaugurado em abril de 2020 para atender a população em situação de rua. Durante a pandemia de Covid, foi adaptado para atender casos da doença, mas já havia voltado à proposta original.

À época da inauguração, a Prefeitura anunciou que o endereço tinha capacidade para fazer 30 mil exames e 1.800 tomografias por mês, além de uma equipe especializada em problemas respiratórios e de saúde mental.

O projeto Saúde Pública tem apoio da Umane, associação civil que tem como objetivo auxiliar iniciativas voltadas à promoção da saúde

MARCOS CANDIDO / Folhapress

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