SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil é um dos países do G20 com a maior média de horas semanais trabalhadas, segundo dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Com uma média de 39 horas trabalhadas por semana, o Brasil fica atrás apenas de Índia, China, México, África do Sul, Indonésia e Rússia, considerando as nações do grupo. A Índia lidera o ranking com uma média de 46,7 horas de trabalho semanal e com 51% de seus trabalhadores com uma carga de mais de 49 horas de trabalho por semana. O país é acompanhado pela China com uma média de 46,1.
O debate sobre a escala 6×1 (seis dias de trabalho e um de descanso semanal) ganhou força nos últimos dias. Uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), apresentada em 1º de Maio, propõe o fim da escala e a adoção de uma jornada de 36 horas semanais, dividida em quatro dias. A medida, que conta com o apoio de mais de 130 parlamentares, ainda precisa alcançar 171 assinaturas dos 513 parlamentares da Casa para avançar no Congresso.
Entre todos os países apresentados nos dados da OIT, o Butão, localizado entre a China e a Índia, é o que tem a maior carga laboral, com uma média de 54,4 horas semanais e mais de 60% de seus trabalhadores exercendo suas funções por mais de 49 horas semanalmente.
Com relação aos países do G20, o Canadá aparece com a menor média de carga de trabalho, com 32,1 horas por semana. Apenas 9% dos trabalhadores do país exercem uma jornada de mais de 49 horas. Dentro do grupo, o país é acompanhado pela Austrália, Alemanha e França, com médias de 32,3; 34,2 e 35,9, respectivamente.
No ranking geral, o país com a menor média de trabalho semanal é Vanuatu, localizado na Oceania, com uma média de 24,7 horas e apenas 4% dos empregados com carga de mais de 49 horas por semana.
A OIT afirma que a carga horária adequada é uma das partes centrais do trabalho decente e que essa variável traz impactos diretos no bem-estar e nas condições de vida dos trabalhadores.
O indicador, no entanto não reflete a produtividade do trabalho de cada país, isto é, o valor produzido por hora trabalhada, que leva em conta fatores como tecnologia e escolaridade.
Por exemplo, embora trabalhadores de países desenvolvidos como Alemanha, França e Estados Unidos trabalhem menos que no Brasil, o volume produzido é maior, o que abre mais espaço para redução das jornadas.
Esse é um dos argumentos usados pelas entidades contrárias às mudanças na jornada de trabalho propostas pela PEC. Segundo a Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), uma redução da jornada no país pioraria o cenário e deixaria o ambiente de negócios brasileiro menos atrativo.
JÚLIA GALVÃO / Folhapress