SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em forte queda e a Bolsa com estabilidade nas primeiras negociações desta quarta-feira (13), mas a moeda americana se estabilizou e a bolsa passou a operar em queda depois do cancelamento de leilões do Banco Central. O mercado também monitora os rumos dos juros americanos e espera anúncio de corte de gastos do governo federal.
Às 11h31, o dólar à vista caía 0,07%, a R$ 5,768 na venda. Já Bolsa caía 0,20% a 127.442 pontos.
Havia expectativa da realização de dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) pelo Banco Central, no entanto foram cancelados devido a “problemas operacionais”, segundo comunicado da autarquia.
O BC relatou “problemas na mensageria” e afirmou que será publicado um novo comunicado para os leilões quando a questão for solucionada.
Na véspera, o BC disse que faria dois leilões de linha nesta quarta-feira, das 10h30 às 10h35, com oferta total de US$ 4 bilhões.
No comunicado de terça, a autarquia afirmou que o leilão de linha A, com oferta de US$ 2 bilhões, teria como data de recompra pelo BC o dia 2 de abril de 2025. Já o leilão de linha B, com oferta de US$ 2 bilhões, teria data de recompra em 2 de julho de 2025.
Os preços ao consumidor nos EUA subiram como esperado em outubro, e o avanço em direção a uma inflação baixa desacelerou desde meados do ano, o que pode limitar cortes nas taxas de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) em 2024.
O índice de preços ao consumidor aumentou 0,2% pelo quarto mês consecutivo, segundo o Departamento do Trabalho. Em 12 meses até outubro, a alta foi de 2,6%, comparado aos 2,4% registrados em setembro.
Economistas consultados pela Reuters previam um aumento de 0,2% no mês e 2,6% no acumulado anual. O resultado reflete a saída de uma base de comparação baixa de 2023.
A insatisfação com a inflação contribuiu para a vitória do republicano Donald Trump na eleição presidencial, superando a candidata democrata e vice-presidente Kamala Harris.
Analistas projetam inflação mais alta em 2025, caso Trump implemente cortes de impostos e tarifas sobre produtos importados. Suas promessas de deportação de imigrantes podem reduzir a oferta de mão de obra, elevando custos para empresas, que devem repassá-los aos consumidores.
Embora seja esperada uma nova redução na taxa de juros pelo Fed em dezembro, economistas acreditam que o espaço para novos cortes em 2024 é limitado. Os rendimentos dos Treasuries aumentaram, refletindo a expectativa de políticas econômicas republicanas sem oposição no Congresso.
A inflação anual caiu consideravelmente desde o pico de 9,1% em junho de 2022, mas permanece acima da meta de 2% do Fed. Na semana passada, o banco central reduziu sua taxa de referência em 25 pontos percentuais, para a faixa de 4,50%-4,75%.
Excluindo alimentos e energia, o núcleo do índice de preços ao consumidor subiu 0,3% em outubro, repetindo o aumento dos três meses anteriores. Em 12 meses até outubro, o núcleo subiu 3,3%, mesma taxa de setembro.
Na cena doméstica, o mercado aguarda sinais sobre um possível anúncio de pacote fiscal pelo governo.
Nesta terça (12), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com o presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) para discutir os próximos passos na implementação do pacote de ajustes fiscais, esperado para esta semana.
As discussões sobre o conjunto de medidas para o ajuste fiscal chegaram à terceira semana.
A ideia é anunciar o pacote antes do embarque do presidente para o Rio de Janeiro, no fim desta semana, para os eventos relacionados com a cúpula do G20 o Brasil ocupa a presidência do bloco e vai sediar a cúpula de chefes de Estado.
Economistas do Itaú Unibanco calculam que, para que o mercado financeiro tenha mais confiança no ajuste fiscal proposto pelo governo, são necessários ao menos R$ 60 bilhões em cortes de gastos, sendo R$ 25 bilhões em 2025 e R$ 35 bilhões em 2026.
O pacote pode incluir a tributação dos super-ricos e uma medida que limita o ganho real do salário mínimo à mesma correção do arcabouço fiscal uma economia estimada de cerca de R$ 11 bilhões entre 2025 e 2026, caso o presidente dê o sinal verde.
O vice-presidente Geraldo Alckmin reforçou, nesta terça, durante evento da COP 29, em Baku, no Azerbaijão, que o Brasil terá uma política fiscal rigorosa, e afirmou que o presidente Lula já deixou claro que o governo cumprirá o arcabouço fiscal.
Diante do contexto, o mercado engatou a semana na expectativa pela divulgação das medidas de contenção de despesas do governo federal.
Redação / Folhapress