Dólar sobe e Bolsa cai, com leilões do BC e expectativa por corte de gastos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em forte queda e a Bolsa com estabilidade nas primeiras negociações desta quarta-feira (13), mas a moeda americana inverteu o movimento e passou a subir após leilões do Banco Central.

Às 15h20, o dólar à vista subia 0,64%, a R$ 5,810 na venda. Já Bolsa caía 0,36% a 127.237 pontos.

O mercado também monitora os rumos dos juros americanos e aguarda um anúncio de corte de gastos do governo federal.

O Banco Central vendeu nesta quarta um total de US$ 4 bilhões em dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra), segundo a autarquia.

No leilão de linha A, que terá como data de recompra o dia 2 de abril de 2025, o BC aceitou sete propostas no valor total de US$ 2 bilhões, a uma taxa de corte de 6,065000%.

No leilão de linha B, que terá como data de recompra o dia 2 de julho de 2025, o BC aceitou três propostas no valor total de 2 bilhões de dólares, a uma taxa de corte de 6,113000%.

Segundo os comunicados, o leilão de linha A ocorreu das 12h15 às 12h20, enquanto o leilão de linha B ocorreu das 12h35 às 12h40. Ambas as vendas foram realizadas com base na Ptax das 10h como taxa de câmbio, que marcava R$ 5,743.

Os leilões de linha haviam sido anunciados primeiramente na terça-feira (12), quando o BC afirmou que faria as duas vendas das 10h30 às 10h35 desta quarta.

No entanto, a autarquia anunciou que os leilões haviam sido cancelados devido a “problemas operacionais”, acrescentando que um novo comunicado de leilão seria divulgado quando a questão estivesse resolvida.

Questionado sobre a natureza dos problemas, o BC disse apenas que se tratavam de “problemas na mensageria”.

Cerca de uma hora depois, o BC anunciou novamente os dois leilões de linha, sem mudança nos valores ofertados, mas com a diferença de que ocorreriam em horários diferentes.

O Banco Central não informou ainda o motivo da operação desta quarta-feira.

Tradicionalmente, o BC costuma realizar leilões de linha nos finais de ano, em especial em dezembro, para atender à demanda por moeda para envio ao exterior. No fim do ano passado, porém, a autarquia não realizou leilões de linha, porque não identificou necessidade de ofertas extras.

Ainda na cena doméstica, o mercado aguarda sinais sobre um possível anúncio de pacote fiscal pelo governo e tem demonstrado nervosismo com a demora em apresentar medidas fiscais, o que vem influenciando a alta do dólar ante o real.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deve receber nesta quarta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para conversar sobre a proposta de corte de despesas do governo, de acordo com a assessoria de Lira.

Nesta terça (12), Haddad se reuniu com o presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) para discutir os próximos passos na implementação do pacote de ajustes fiscais, esperado para esta semana.

As discussões sobre o conjunto de medidas para o ajuste fiscal chegaram à terceira semana.

A ideia é anunciar o pacote antes do embarque do presidente para o Rio de Janeiro, no fim desta semana, para os eventos relacionados com a cúpula do G20. No entanto, há rumores de que o anúncio fique apenas para depois.

Economistas do Itaú Unibanco calculam que, para que o mercado financeiro tenha mais confiança no ajuste fiscal proposto pelo governo, são necessários ao menos R$ 60 bilhões em cortes de gastos, sendo R$ 25 bilhões em 2025 e R$ 35 bilhões em 2026.

Na agenda econômica internacional, os dados sobre inflação em outubro dos EUA, divulgados nesta quarta, ficaram dentro do esperado.

Os preços ao consumidor nos EUA subiram como esperado em outubro, e o avanço em direção a uma inflação baixa desacelerou desde meados do ano, o que pode limitar cortes nas taxas de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) em 2024.

O índice de preços ao consumidor aumentou 0,2% pelo quarto mês consecutivo, segundo o Departamento do Trabalho. Em 12 meses até outubro, a alta foi de 2,6%, comparado aos 2,4% registrados em setembro.

Economistas consultados pela Reuters previam um aumento de 0,2% no mês e 2,6% no acumulado anual. O resultado reflete a saída de uma base de comparação baixa de 2023.

A insatisfação com a inflação contribuiu para a vitória do republicano Donald Trump na eleição presidencial, superando a candidata democrata e vice-presidente Kamala Harris.

Analistas projetam inflação mais alta em 2025, caso Trump implemente cortes de impostos e tarifas sobre produtos importados. Suas promessas de deportação de imigrantes podem reduzir a oferta de mão de obra, elevando custos para empresas, que devem repassá-los aos consumidores.

Embora seja esperada uma nova redução na taxa de juros pelo Fed em dezembro, economistas acreditam que o espaço para novos cortes em 2024 é limitado. Os rendimentos dos Treasuries aumentaram, refletindo a expectativa de políticas econômicas republicanas sem oposição no Congresso.

A inflação anual caiu consideravelmente desde o pico de 9,1% em junho de 2022, mas permanece acima da meta de 2% do Fed. Na semana passada, o banco central reduziu sua taxa de referência em 25 pontos percentuais, para a faixa de 4,50%-4,75%.

Excluindo alimentos e energia, o núcleo do índice de preços ao consumidor subiu 0,3% em outubro, repetindo o aumento dos três meses anteriores. Em 12 meses até outubro, o núcleo subiu 3,3%, mesma taxa de setembro.

Redação / Folhapress

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