BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) não se manifestou até o momento sobre as explosões na Praça dos Três Poderes, ocorridas na noite de quarta-feira (14), que levaram apreensão para a classe política e jurídica da capital brasileira.
A postura contrasta com a de outros chefes de Poderes, parlamentares, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e de seu próprio governo, que se manifestaram para condenar as ações.
Lula manteve a sua agenda, usou suas redes sociais para comentar assuntos da área da economia e no meio da tarde embarcou para o Rio de Janeiro, onde vai participar nos próximos dias das atividades relacionadas com a cúpula do G20.
Aliados de Lula apontam que o silêncio momentâneo se deve ao fato de ele não considerar necessário se manifestar no momento. Segundo eles, prefere aguardar o desenrolar de alguns fatos e possivelmente das investigações.
Os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) afirmaram nesta quinta-feira (14) que o mandatário vai se pronunciar, possivelmente ao ser questionado sobre o assunto, durante as atividades do G20, no Rio de Janeiro.
Lula manteve a sua agenda normal no dia seguinte às explosões. A sua agenda em Brasília foi totalmente dedicada às cerimônias de entregas das cartas credenciais dos novos embaixadores estrangeiros. Essas reuniões foram apenas adaptadas, com a exclusão da parte do rito em que os novos embaixadores costumam descer a rampa do Palácio do Planalto.
Por medida de segurança, esses diplomatas entraram e saíram pela lateral do palácio.
O presidente chegou a usar a sua rede social nesta quinta algumas vezes para se manifestar, mas sobre outros assuntos. Realizou duas postagens para comemorar resultados econômicos, como a queda da pobreza e a indicação de crescimento da economia em setembro, na prévia do Banco Central.
E também fez outra postagem sobre um dos grupos da sociedade civil no G20 e outra, com diversas fotos, para divulgar as cartas credenciais dos embaixadores.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), divulgou uma nota para cumprimentar as forças de segurança pelos trabalhos e também contra os ato de violência e discursos de ódio.
“Externo meus cumprimentos às forças de segurança pública que atuam em resposta à ocorrência de explosões de bombas, na noite de ontem, na Praça dos Três Poderes. O triste episódio que chocou a todos nós e, lamentavelmente, resultou na morte de uma pessoa, demonstra o quanto devemos repudiar e desestimular atos de violência e discursos de ódio em nosso país”, afirma o senador mineiro.
Na noite de quarta, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pediu apuração com urgência necessária para esclarecer as causas e circunstâncias. “Reafirmo, veementemente, meu total repúdio a qualquer ato de violência”.
Durante sessão do STF, nesta quinta-feira (14), ministros da Côrte se manifestaram condenando os atos de violência.
Ministros do governo Lula, por outro lado, se pronunciaram para condenar os atos de violência. Muitos sugeriram que as explosões são resultado dos pedidos e discurso de algumas lideranças bolsonaristas.
Outros também buscaram descartar que o atentado seja obra de um “lobo solitário”, sinalizando que havia uma organização maior por trás do ataque.
“Por que está acontecendo isso? Por que o [ministro do STF] Alexandre de Moraes como alvo? Basta abrir as redes [sociais]. É o tal do apito de cachorro: a liderança fala e as coisas acontecem embaixo”, afirmou Paulo Pimenta
Na noite desta quarta (13), um homem morreu ao se explodir em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal), após a detonação de bombas em dois locais da praça dos Três Poderes.
Ele foi identificado pela polícia como sendo Francisco Wanderley Luiz, 59, um chaveiro dono de um carro encontrado com explosivos nas proximidades e que disputou a eleição de 2020 como candidato a vereador pelo PL, com o nome de urna Tiü França, em Rio do Sul (SC).
MARIANNA HOLANDA E RENATO MACHADO / Folhapress