BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O GSI (Gabinete de Segurança Institucional), ministério responsável pela segurança das instalações presidenciais, informou nesta quinta-feira (14) que um servidor teve de disparar tiro de advertência contra homem que se aproximou da Granja do Torto.
O episódio ocorreu na véspera, por volta das 21h, cerca de 1h30 depois do atentado na Praça dos Três Poderes, em que um homem se explodiu na frente do STF (Supremo Tribunal Federal).
“Por volta das 21h, uma sentinela da Granja do Torto observou a aproximação de uma pessoa na direção do seu posto. O militar advertiu para que se afastasse, mas ela continuou se aproximando. Seguindo o procedimento previsto, o soldado executou um disparo de advertência para o alto com uso de munição não letal. O suspeito fugiu. Foram feitas buscas nas proximidades, mas ninguém foi encontrado”, disse o GSI, em nota.
A Granja do Torto fica a cerca de 15 km do centro de Brasília, e é a residência presidencial de descanso, mais ampla, com maior área verde. Mas hoje ela fica numa região muito movimentada. Não é possível dizer, segundo integrantes do governo, que haja qualquer relação entre este episódio e o atentado na praça.
Na noite de quarta, um homem morreu ao se explodir em frente ao STF, após a detonação de bombas em dois locais da praça dos Três Poderes, em Brasília, levando apreensão às classes política e jurídica da capital federal um ano e dez meses depois dos ataques golpistas contra as sedes da corte, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.
Francisco Wanderley Luiz, 59, é chaveiro e disputou a eleição de 2020 com o nome de urna Tiü França, em Rio do Sul (SC), mas não foi eleito. Antes de morrer, publicou uma série de mensagens sobre o ataque, misturando declarações de cunho político e religioso.
Ele usava roupas com possível alusão à fantasia do personagem Coringa, vilão de histórias de quadrinhos. Francisco vestia uma calça e um terno de mesma estampa com os naipes de cartas de baralho, com o fundo de cor verde-escuro e, ao lado do corpo, foi encontrado um chapéu branco.
Em entrevista coletiva na noite de quarta, a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, disse que Francisco tentou na noite desta quarta entrar no prédio do Supremo, sem sucesso.
Após a tentativa, disse a governadora em exercício, parou em frente da estátua da Justiça, onde foi morto pelos explosivos que carregava.
Natanael Carmelo, segurança do Supremo, foi testemunha do momento da explosão, segundo boletim de ocorrência da Polícia Civil do DF. Disse que “o indivíduo retirou da mochila alguns artefatos e com a aproximação dos seguranças do STF, abriu a camisa os advertiu para não se aproximarem”.
O segurança, então, viu um objeto “semelhante a um relógio digital”, e desconfiou que fosse um explosivo. Francisco chegou a pegar o extintor, mas desistiu e colocou no chão. Em seguida, “saiu com os artefatos para a lateral e lançou dois ou três artefatos, que estouraram”. O segurança solicitou apoio em seguida.
Por fim, segundo o relato, Francisco “deitou no chão acendeu o ultimo artefato, colocou na cabeça com um travesseiro e aguardou a explosão”.
MARIANNA HOLANDA E RENATO MACHADO / Folhapress