SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Este ano será o primeiro no qual o feriado da Consciência Negra é nacional. Com isso, a Flink Sampa, a Festa Internacional do Conhecimento, Literatura e Cultura Negra, tem como patrono desta edição o líder quilombola Zumbi dos Palmares. O evento acontece neste final de semana, na Universidade Zumbi dos Palmares e no Sesc Pompeia, em São Paulo.
A festa faz parte da sétima edição da Virada da Consciência, realizada em parceria com a Folha de S.Paulo, e reúne escritores, artistas, acadêmicos e ativistas em uma programação que valoriza a cultura negra e promove debates sobre questões sociais, históricas e literárias, além de celebrar os 20 anos de existência da Universidade Zumbi dos Palmares.
A curadoria do evento é assinada por Guiomar de Grammont, escritora e dramaturga, que destaca a importância de Zumbi como figura histórica e sua transformação em herói nacional. “Esse feriado nacional, para nós, é um passo muito grande, porque ainda impera um racismo estrutural que precisa ser combatido. É preciso que a sociedade brasileira faça um esforço também para desconstruir a imagem do Zumbi, que por muito tempo foi considerado marginal”, afirma.
A programação da Flink inclui debates, lançamentos de livros, rodas de conversa e apresentações artísticas. Entre os destaques da programação está a mesa “Memória, Identidade e Resistência na Literatura”, que aborda o papel da literatura na reconstrução da identidade e no fortalecimento das mulheres negras, com autoras como Elisa Lucinda e a cubana Teresa Cárdenas.
A atriz e escritora brasileira lança durante o encontro seu livro “Encontro com a Invenção”, no qual brinca com a realidade e a ficção ao narrar por meio de poesias a história de Vítor, e a série animada “Vovó Tatá”, que será exibida no evento.
Cárdenas, por sua vez, é autora de livros como “Cartas para Minha Mãe” e “Cachorro Velho”, e conhecida por falar sobre temas como a ancestralidade e a escrita como ato político.
Com mais uma programação com a temática negra neste mês, Grammont acredita que o desafio é fazer o assunto estar em alta o ano inteiro. “A Flink é um momento em que você ouve o seu escritor falar, em que você veio assistir às mesas, mas a leitura das obras demanda tempo e a gente espera que se estabeleça ao longo do ano.”
As atividades que começam neste sábado (16) também incluem encontros com autores e autoras como Esmeralda Ribeiro, Renan Wangler e Sheila Perina.
Simultaneamente, no Sesc Pompeia, ocorre a mesa “De Zumbi a Luiz Gama: Lutas pela Liberdade”, que traça paralelos entre os dois ícones da resistência negra. Enquanto o primeiro liderou o maior quilombo brasileiro contra as investidas colonialistas, o outro, como advogado e abolicionista, defendeu negros nos tribunais e libertou mais de 500 escravizados.
Já no domingo (17), a discussão fala de discriminação na internet. A mesa “Racismo Algorítmico: Inteligência Artificial e Discriminação nas Redes Digitais” discute os impactos da tecnologia no reforço de desigualdades raciais. O uso de filtros que clareiam a pele ou afinam o nariz e a predominância de fotos de pessoas brancas em pesquisas em bancos de imagem são exemplos do chamado racismo algorítmico.
Em seguida, a mesa “Literatura Negra e Literatura Periférica no Brasil” reflete sobre os desafios e conquistas dos escritores negros e periféricos no país desde os anos 1960.
A programação da Flink antecede outro evento da Virada da Consciência, o 3º Congresso Antirracista, que acontece na segunda e terça-feira, que debaterá a importância de políticas públicas para a promoção da igualdade racial.
FLINK SAMPA
– Quando Sáb. (16) e dom. (17), das 14h às 18h
– Onde Universidade Zumbi dos Palmares – av. Santos Dumont, 843, São Paulo; e Sesc Pompeia – R. Clélia, 93, São Paulo
– Preço Grátis
– Classificação Livre
NADINE NASCIMENTO / Folhapress