Eleição não muda disposição da China em trabalhar com EUA, diz Xi a Biden

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O líder da China, Xi Jinping, e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tiveram neste sábado (16), em Lima, no Peru, o que deve ser o último encontro antes do fim do mandato do americano.

O objetivo principal do encontro -a primeira conversa entre os dois líderes em sete meses– foi tentar reduzir tensões antes da posse de Donald Trump, mas assuntos menos amistosos, como Taiwan, comércio e cibercrimes, também estavam em pauta.

Eles se reuniram durante a cúpula da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), que ocorre antes de ambos viajarem ao Brasil para o G20.

Nas falas divulgadas da conversa entre os dois, o líder chinês afirma que a eleição americana não mudou a disposição do país oriental de trabalhar com os Estados Unidos.

A mídia estatal chinesa disse que Xi afirmou a Biden que está disposto a manter o diálogo com o governo dos EUA, a expandir a cooperação e a administrar as diferenças. Para ele, o período de transição de governo deve ser suave para a relação entre os países.Xi também disse que a China se compromete a desenvolver uma relação estável, saudável e sustentável com os EUA.

Já Biden afirmou que a relação entre as duas potências deve ser de competição, mas não de conflito.

O presidente Lula (PT) iria ao evento, mas cancelou a viagem após acidente doméstico. A cúpula de líderes do G20, no Rio de Janeiro, acontecerá na segunda (18) e terça (19).

Um dos problemas que têm preocupado Washington e era esperado que fossem tratados na reunião foi um recente ataque cibernético ligado à China nas comunicações telefônicas de funcionários do governo dos EUA e da campanha presidencial.

Houve a tentativa de infiltração de hackers chineses em celulares usados tanto por republicanos, como por democratas. Segundo a imprensa americana, Trump e seu vice, JD Vance, teriam sido alvos, assim como funcionários da campanha da democrata Kamala Harris.

Também há tensão sobre o aumento da pressão da China sobre Taiwan, e também pelo apoio chinês à Rússia.

Na cúpula, Biden também se encontrou com um representante de Taiwan, o ex-ministro da economia Lin Hsin-i, que o convidou a visitar o país em um futuro próximo.

A China vê Taiwan, governada democraticamente, como seu próprio território, e os EUA são o mais importante aliado internacional e fornecedor de armas da ilha, apesar da falta de reconhecimento diplomático formal.

Outro problema na relação entre Washington e Pequim é o impacto de medidas de Biden sobre o comércio, que têm afetado a economia chinesa. Um dos planos americanos é restringir o investimento em inteligência artificial, computação quântica e semicondutores chineses, além de restrições de exportação de chips de alta tecnologia.

A China nega que tenha feito ataques cibernéticos e reitera sempre que Taiwan é uma questão interna.

A administração americana vinha dando sinais de que usaria a reunião no Peru para desafiar o líder chinês a respeito desses temas e também sobre violações de direitos humanos.

Já Xi, segundo o New York Times, tem se irritado com esse tipo de discurso do Ocidente, e vê o contraste das posições políticas dos EUA como uma confirmação das suas opiniões.

O governo Trump promete ter uma postura mais agressiva com relação à China na economia e na política global. O republicano prometeu adotar tarifas gerais de 60% sobre as importações de produtos chineses nos EUA como parte de um pacote de medidas comerciais.

Pequim se opõe a essas medidas, de acordo com a Reuters. Os primeiros nomes para a política externa no gabinete de Trump refletem essa postura, como Michael Waltz (conselheiro de segurança nacional) e a provável definição de Marco Rubio para o Departamento de Estado.

Redação / Folhapress

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