RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, fez um apelo neste domingo (17) para que os países tenham “espírito de consenso” nas negociações do G20 e disse que, se o bloco se dividir, perderá relevância mundial.
A declaração foi dada depois de ele ter sido questionado sobre a oposição da Argentina, liderada pelo ultraliberal Javier Milei, à Agenda 2030 da ONU 17 metas adotadas em 2015 para promover a sustentabilidade, erradicar a pobreza e proteger o planeta até o fim da década.
Os argentinos também travaram as negociações no G20 sobre gênero e abriram uma ofensiva contra a chamada taxação dos super-ricos bandeira do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Faço um apelo a todos os países para que tenham espírito de consenso, para que exibam bom senso e para que encontrem as possibilidades de transformar esta reunião do G20 em um êxito, com decisões que sejam relevantes para a ordem internacional”, disse.
“Se o G20 se divide, o G20 perde relevância a nível global, isso é altamente indesejável em um mundo já com tantas divisões geopolíticas”, acrescentou.
Guterres ressaltou que a agenda da ONU é um instrumento consensual e um “caminho claro para enfrentar as tremendas desigualdades e injustiças que existem no mundo”.
O secretário-geral disse ainda que o G20 deve liderar pelo exemplo para enfrentar desafios globais, como conflitos geopolíticos e mudanças climáticas.
“Há muitos desafios, mas também há muitas soluções possíveis. O G20 deve liderar pelo exemplo. Isso é fundamental para restaurar a confiança, a credibilidade e a legitimidade do sistema global nesses tempos turbulentos”, disse ele em seu discurso inicial.
Guterres concedeu entrevista a jornalistas no centro de imprensa dos eventos do G20, no Rio de Janeiro. No dia anterior, o secretário-geral teve uma reunião bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o Palácio do Planalto, os dois líderes trataram sobre os eventos do G20 e as negociações sobre o clima e meio ambiente que ocorrem na COP29, no Azerbaijão.
NATHALIA GARCIA / Folhapress